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Vale do Tejo perdeu o comboio

Vale do Tejo perdeu o comboio

Presidente da Câmara de Abrantes descontente com opção do TGV

O presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Nelson Carvalho, foi o primeiro autarca da região a tomar uma posição pública sobre a alteração, ao trajecto inicialmente previsto, das linhas do comboio de alta velocidade, o TGV, em território nacional. Para ele o Governo português claudicou perante Madrid e esta opção vai provocar um enorme atraso no desenvolvimento da região do Vale do Tejo e Oeste.

“Espero que as instituições regionais e locais, autarquias, associações de municípios e empresariais tomem uma decisão sobre o assunto”, diz o autarca atirando as suas críticas em todas direcções: “Parece-me que o país anda mais preocupado com outras notícias e fica adormecido perante estas questões estruturantes.”Nelson Carvalho falou à comunicação social em conferência de imprensa realizada na segunda-feira, dia 24, e fê-lo enquanto presidente de câmara e militante socialista. “Critico o maior partido da oposição que também devia ter uma posição. Quando o Governo não tem, devia ser a oposição a tomá-la. Não estou satisfeito enquanto militante socialista, porque o PS não reagiu à altura desta capitulação completa a Madrid”.Inicialmente, estava previsto que o TGV passasse pela região do Vale do Tejo, fazendo a derivação para Lisboa e para o Porto numa zona próxima do Entroncamento. Esta opção, que foi defendida por todas as forças políticas e empresariais, dado que se trata da zona mais central do país e iria justificar a construção do aeroporto internacional da Ota, acabou por ser inviabilizada na cimeira da Figueira da Foz, entre o Primeiro Ministro de Portugal, Durão Barroso, e o seu homólogo espanhol José Maria Aznar.Neste momento, toda a estrutura do TGV é radial, tendo como ponto central Madrid. Portugal será traçado por uma linha litoral que liga Pontevedra (Espanha) a Lisboa, com passagem por Vigo, Braga Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa. Da capital, o TGV segue para Évora, onde se prevê um ramal com ligação a Faro e outro a Elvas e Badajoz tendo como destino final Madrid. Uma outra linha partirá de Aveiro e segue por Viseu em direcção a Salamanca.“Porquê a ligação Aveiro-Viseu-Salamanca? O país está de tanga, está numa época de restrição de investimento e aparece aqui mais uma linha com que racionalidade? Pode perguntar-se se é porque Paulo Portas foi eleito deputado por Aveiro, e se por Fernando Ruas, presidente Associação Nacional de Municípios, ser também presidente da Câmara Municipal de Viseu?” questiona Nelson Carvalho.O autarca levanta iguais dúvidas quanto à criação de uma ligação Lisboa-Évora-Faro-Huelva, passando por um Alentejo “sem densidade populacional, sem actividade económica. Para que serve esta linha? Porque é que a ligação de Lisboa a Madrid não é feita pelo Entroncamento, ligando o eixo do país à zona Abrantes-Portalegre-Cáceres? É pela necessidade de Madrid introduzir factores de desenvolvimento da Andaluzia?”Nelson Carvalho põe também em dúvida a articulação do futuro aeroporto da Ota com o traçado do TGV anunciado. “E o futuro aeroporto da Ota, como entronca nesta estratégia do TGV? Estas opções não são a liquidação do aeroporto internacional da Ota?”, questionou.“Partilho inteiramente a análise feita por Nicolau Santos e publicada no jornal Expresso de há duas semanas”, afirmou Nelson Carvalho, explicando: “Ele diz que Lisboa ajoelhou perante Madrid. Ou seja, Portugal abordou a questão do TGV sem estratégia, sem seriedade. Fez aquilo que a estratégia de Madrid impunha que se fizesse, isto é, tornar a capital espanhola no centro da Península Ibérica”.A terminar, Nelson Carvalho desafiou os autarcas do Vale do Tejo, do Oeste e de Leiria, e respectivas associações de municípios, empresariais e partidos políticos a exprimirem a sua opinião. “Será que vão ficar calados?”, indagou.Margarida Trincão
Vale do Tejo perdeu o comboio

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