Gastos a mais com propaganda
Presidente da Assembleia Municipal de Santarém critica política da câmara
O ex-presidente da Câmara de Santarém e actual presidente da assembleia municipal do mesmo concelho, José Miguel Noras (PS), põe em causa a actual política cultural do município escalabitano, gerido pelo seu partido, ao criticar os elevados gastos em “divulgação e propaganda” de actividades que, pelas suas contas, excede mais de metade do orçamento municipal para a área da cultura.
“Nunca como hoje se gastou tanto em divulgação e propaganda”, declarou Miguel Noras, apontando verbas da ordem dos 250 mil euros em gastos com o boletim municipal, a agenda cultural, panfletos e catálogos e agências de comunicação para fazer o contraponto com o orçamento para actividades culturais de 2003 que se ficou pelos 470 mil euros.“Terão ou não razão as colectividades deste concelho em pedir mais se só em divulgação e propaganda se gasta mais de metade da verba destinada à cultura?”, questionou o autarca, durante um debate sobre cultura, promovido pelo movimento cívico Santarém 21 na noite de quinta-feira, 4 de Dezembro, no auditório do Instituto da Juventude.José Miguel Noras afirmou não estar contra a divulgação de actividades, mas acha que deve ser “aquilatada e feita noutras condições”. Até porque, como alguns elementos do público afirmaram e a própria vereadora da Cultura reconheceu, a mesma não é perfeita.As críticas de Noras não se ficaram por aí, considerando que a câmara por vezes faz “concorrência desleal” aos agentes culturais ao promover iniciativas em excesso. Deu o exemplo da Casa do Brasil, que, na sua óptica, “produz excessivas exposições, por tudo e por nada”. E acrescentou: “Acho que a Câmara de Santarém deve planear aquilo que ocorre. Não deve existir concorrência, nem a câmara se deve sobrepor a outras realizações”.A vereadora da Cultura rebate a tese de Miguel Noras. Referindo-se apenas ao orçamento do Departamento de Cultura para 2004, Idália Moniz diz que o mesmo contempla apenas uma fatia de 0,62% para publicidade e divulgação.A autarca considera também que “não há exposições em demasia” na Casa do Brasil. Idália Moniz recorda que existem dois espaços distintos para exposições nesse imóvel. No primeiro andar realizam-se exposições de artistas de relevo e outras resultantes de protocolos que a autarquia mantém com algumas instituições, nomeadamente o Museu Nacional de Imprensa. Já no bar da Casa do Brasil são expostos trabalhos de artistas plásticos do concelho que estão a iniciar a sua actividade.“Cada espaço tem valências muito definidas, pelo que um não substitui o outro. Há ofertas diferentes e privilegiamos as artes plásticas numa perspectiva mais universalista e numa perspectiva mais local”, explica. Idália Moniz revela ainda que desde o início do actual mandato ficou estabelecido que cada artista que ali expõe tem de doar uma obra à câmara. “Estamos a constituir um vastíssimo espólio e de qualidade”, sustenta.
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