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A vendedora de fruta

Maria Luísa Pinto é comerciante no mercado de Vila Franca há 25 anos

Levanta-se antes do nascer do sol para distribuir pela banca do mercado de Vila Franca de Xira as frutas e os legumes mais frescos. As especialidades tropicais, frutos da época e bolos caseiros enfeitam o ponto de venda de Maria Luísa Pinto, 45 anos.

Maria Luísa Pinto, 45 anos, levanta-se antes do nascer do sol para arranjar a banca onde vende frutas e legumes no mercado de Vila Franca de Xira. O relógio ainda não marca as seis da manhã quando a vendedora e a mãe deixam a localidade de Palmeiro (Arruda dos Vinhos) e partem com destino ao local de trabalho. Antes das portas do mercado abrirem é preciso distribuir a mercadoria pela banca. Por caixas de madeira e cestas de verga cuidadosamente decoradas espalham-se frutos da época e especialidades tropicais. O verde das anonas e kiwis mistura-se com o vermelho dos diospiros apetitosamente expostos sobre os cachos de bananas e ananases. A banca é salpicada aqui e ali por alguns sacos de frutos secos e bolos tradicionais da época natalícia. O Natal também já chegou ao mercado onde as bancas estão decoradas com fitas douradas e fios de coloridas luzes. As frutas cristalizadas, bolo rei, as passas de uvas, pinhões, castanhas, nozes, figos secos e tâmaras enfeitam a montra onde não faltam os pequenos papelinhos manuscritos com o preço dos produtos. “A vantagem é que o cliente pode levar pequenas quantidades de frutos secos”, explica a vendedora.Maria Luísa serve um saco de bolos de manteiga a uma freguesa já fiel. “Estes são os bolinhos que costuma levar, não quer provar os de canela”, interroga cordialmente.No ponto de venda de Maria Luísa Pinto há espaço para uma grande variedade de produtos que a vendedora nunca se atreveu a contar. É um autêntico mini-mercado em miniatura. Na banca ao lado estão expostos os legumes. Batatas, tomates, brócolos, cebolas, alfaces, alhos, pepinos e abóboras. “A ideia é que o cliente possa levar de tudo um pouco sem precisar de ir a outro local”, revela.As couves, hortaliças e espinafres são de produção caseira. A mãe e o marido de Maria Luísa Pinto ocupam-se de tratar da horta lá de casa. A vendedora garante que os preços são mais baixos que nas grandes superfícies. A maioria dos produtos à venda na banca são adquiridos no mercado de Castanheira do Ribatejo e no Marl – Mercado Abastecedor da Região de Lisboa. As compras são feitas depois de uma demorada manhã passada no mercado a vender entre as 7h00 e as 15h00. O pequeno almoço é tomado no mercado a meio da manhã e ajuda a retemperar forças.Assim que chega a casa, Maria Luísa Pinto só tem tempo para almoçar. Por volta das 18h00 pega na carrinha e vai escolher a mercadoria. Há dias em que as compras se prolongam até às 22h00. “É um trabalho muito absorvente”, reconhece.A semana da vendedora de fruta tem seis dias. O sábado é o dia forte do mercado. O domingo é o único dia de descanso. Há vinte cinco anos que Maria Luísa vende fruta no mercado de Vila Franca de Xira ao lado da mãe, Maria Odete, 62 anos, vendedora há 39 anos.A comerciante de fruta gosta daquilo que faz. “Acho que é um trabalho como outro qualquer, apesar de nunca ter feito outra coisa”, confessa.O comércio está a viver a crise e a comerciante também sente isso na pele. “As pessoas gostam de vir ao mercado. O espaço está mais atraente mesmo para os jovens, mas estamos em época de crise e já se sabe que as pessoas não aderem tanto. Preferem ir para as grandes superfícies onde podem utilizar os cartões de crédito”, analisa.O número de pessoas que compram na praça reduziu-se, mas na banca de Maria Luísa Pinto aparecem sempre os clientes já habituais de longos anos. Um dos segredos para atrair o público é manter os produtos muito arrumados e com muita higiene. “Assim os clientes ficam mais cativados e compram”, garante.O mais difícil da profissão é ter que madrugar e passar muitas horas de pé frente à banca de fruta. O dia é passado a pesar fruta e legumes, a colocar o produtos nos sacos e quando é preciso ajudar o cliente a levar a mercadoria até ao carro. “E às vezes o trabalho não é muito rentável. Vai dando para ajudar nas despesas de casa. Aqui se se vender mais ganha-se mais ”.Ana Santiago

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