Um bancário com espírito de missão
António Manuel Duarte, presidente da Junta de Freguesia de Alcanhões
Apesar de trabalhar em Lisboa, onde é funcionário bancário na Caixa de Crédito Central, o presidente da Junta de Freguesia de Alcanhões mantém residência na terra que o viu nascer há 43 anos. Levanta-se antes das sete da manhã, vai de carro até à estação de Santarém, onde apanha o comboio para a capital, e só volta cerca das 19h00, se o comboio e a travessia das passagens de nível não o atrasarem.
Casado e com dois filhos, António Manuel Duarte, licenciado em economia, está na junta há 12 anos. Fez um mandato como secretário e no seguinte concorreu a presidente e ganhou, mantendo-se desde então como responsável máximo pela junta, apesar de nas últimas eleições ter deixado o PS e ter concorrido pela CDU.Com alguma mágoa, diz que foi a concelhia do PS que o obrigou a mudar de partido, pois escolheu outros candidatos sem falar com quem estava eleito na junta há uma década, como era o seu caso e de alguns colegas. Vê a mudança de militante do PS para independente pela CDU com alguma naturalidade, até porque no poder autárquico contam mais as pessoas que os partidos. A votação das últimas autárquicas em Alcanhões comprova isso perfeitamente.António Manuel Duarte foi dirigente associativo na Associação Popular de Alcanhões e entrou para a assembleia da freguesia aos 18 anos, logo que a idade lhe permitiu. Diz que está na política por espírito de missão e lamenta que as máquinas partidárias tenham subvertido a carreira política. Antes começava-se pelo associativismo, passava-se à assembleia de freguesia, depois à junta, depois à assembleia municipal e só depois se chegava à câmara. Hoje muitos exercem cargos de chefia nas câmaras municipais sem conhecerem os problemas de uma colectividade ou de uma junta.No seu caso pessoal, garante que não tem ambições políticas, e diz que, se a tivesse, tinha-se posicionado de maneira diferente em muitas situações que lhes foram acontecendo. Apaixonado pela política de proximidade, pensa que tem conseguido gerir bem o difícil triângulo família - política - profissão.O emprego e a junta não lhe deixam muito tempo livre. O pouco que tem é passado em família ou na leitura. Benfiquista desde pequenino, lamenta não ter mais tempo para ir ver os jogos do “glorioso”. Ainda não foi à nova “catedral”, mas a visita está para breve, até porque o filho, que já começa a sofrer pelos encarnados, não pára de insistir.António Manuel Duarte ainda não sabe se se vai recandidatar nas próximas eleições e até lá tem dois grandes objectivos: resolver o problema das acessibilidades e requalificar o Largo do Arneiro, o espaço fronteiro à sede da junta de freguesia. O seu principal lamento é a ausência de verbas. A junta recebe anualmente perto de 25 mil euros do Estado e cerca de três mil euros mensais da Câmara de Santarém.No entanto, olhando para trás, recorda o tempo em que entrou para a autarquia. Só havia uma máquina e três cadeiras e a junta abria apenas uma vez por semana. Agora está aberta de segunda a sexta, tem cinco funcionários, dois dos quais afectos ao serviço de ambulâncias.
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