O eleito do PSD na Assembleia Municipal de Santarém, Vítor Varejão, repudiou na última sessão daquele órgão as recentes declarações do treinador da equipa profissional masculina de basquetebol do Santarém Basket, José Monteiro. Uma posição que motivou igualmente uma reacção da direcção do clube que contraria o espírito das declarações do seu técnico, que se viu isolado na contenda. José Monteiro, recorde-se, criticou num comunicado a actuação de alguns políticos da oposição e mostrou-se agastado com as “quezílias politico-partidárias” criadas em torno da equipa. Numa linguagem contundente, afirmou que a câmara deve ter coragem política para investir nesse projecto e criticou as posições tomadas por alguns políticos – a quem não aponta o nome – catalogando-as como “palermices, invejas e lutas políticas”. Mais: “O que estão a fazer é jogo sujo, fazer com que a câmara não invista no basquetebol. Mas, neste momento, é o que existe na cidade, todas as outras modalidades não existem e há que dizê-lo frontalmente”.Vítor Varejão, que é também ex-dirigente do Gimno Clube de Santarém e actual presidente da Associação de Ginástica do Distrito de Santarém, não aceita a argumentação de Monteiro e deixou-o bem claro na assembleia municipal de 30 de Setembro.“Os comentários e apreciações de José Monteiro em nada dignificam o basquetebol e o desporto em geral”, afirmou Varejão, declarando que esse discurso é tudo menos um apelo à pacificação. “Vem incendiar de vez o clima em todo o associativismo quando diz que o desporto em Santarém é só o basquetebol e que o resto é paisagem”, acrescentou, sugerindo que se a direcção do Santarém Basket não se retractar das declarações do seu treinador, antevê um relacionamento tenso no meio asso-ciativo.O presidente do Núcleo de Basket de Alta Competição do Santarém Basket, Fernando Gaspar, procurou já esta segunda-feira abafar a polémica, emitindo um comunicado onde pretende “esclarecer alguns equívocos” que, na sua óptica, foram causados pelas “declarações menos bem entendidas” do seu treinador. Declarações citadas ipsis verbis na última edição de O MIRANTE e que foram de livre iniciativa do treinador, que as fez enviar por e-mail, diga-se.Fernando Gaspar demarca-se claramente de José Monteiro ao dizer que “ao Santarém Basket não interessam as lutas político-partidárias, cuja legitimidade e interesse estamos longe de questionar” e que o clube “não tem qualquer motivo para pensar que qualquer partido político esteja interessado em inviabilizar ou dificultar a concretização deste projecto. Pelo contrário, só nos apercebemos de reacções elogiosas de qualquer dos partidos”.E explica: “Tivemos inclusivamente o cuidado de convidar para os orgãos sociais do clube pessoas ligadas a todos os partidos representados no executivo camarário, tendo beneficiado desde o início de um enorme apoio da parte do presidente da autarquia e do vereador responsável pelo pelouro do desporto, bem como do vereador José Marcelino que aceitou presidir à mesa da assembleia-geral do nosso clube”. Continua dizendo que “outros responsáveis políticos, não tendo possibilidade de intervir directamente no processo, não deixaram de encorajar e incentivar a concretização deste projecto”. Fernando Gaspar dirige-se ainda particularmente aos outros clubes do concelho. “Respeitamos e consideramos do maior interesse a actividade dos restantes clubes desportivos do concelho, mesmo que nos reservemos o direito de não concordar com os procedimentos de alguns deles, nem com o nível de aproveitamento dos recursos concelhios”. O responsável directivo pela equipa profissional de basquetebol conclui dizendo que a polémica gerada não invalida que “na realidade o atraso na definição do apoio da autarquia e na disponibilização de verbas de patrocínios venha provocando enormes dificuldades ao arranque deste projecto”.