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Clarividente Manuel Serra D’Aire

Acertámos no alvo mais uma vez. Enquanto andávamos aqui a dissertar sobre os chorões que neste país se fartam de mamar, o presidente da Câmara de Tomar era obrigado a levantar o colchão e a puxar de mais 185 mil euros para tapar os buracos da organização da Festa dos Tabuleiros.Ou seja, somos nós, todos nós, os que foram à festa e os que não foram, os que gostam de arraiais e são devotos do Espírito Santo e os que são ateus e mais carrancudos do que o camarada Álvaro Cunhal, que têm de limpar as dívidas que a comissão organizadora deixou como herança. Lá que os políticos de Tomar disponibilizassem a massa das suas senhas de presença ou parte dos seus vencimentos para abafar o passivo da festança, ainda vá que não vá! Era lá com eles e eles que se entendessem. Mas assim não! Dói-me tanto essa como me doeu ter que ajudar a pagar o novo Estádio da Luz.Porra! Se o Governo é defensor do princípio do utilizador-pagador, e se o presidente da Câmara de Tomar é da cor do Governo, que adopte no seu concelho essa doutrina. Quem foi à festa que pague as dívidas. Eu, que nem me aproximei da terra e que tenho pavor a multidões, estou inocente. Não provei do bodo, não ouvi música, não assisti ao cortejo nem sequer me aproveitei da aglomeração de gente para filar as nádegas de uma sopeira. Nada! Para que a história não se repita, Manel, decidi oferecer os meus préstimos como mordomo. Vais ver que a Festa dos Tabuleiros continuará a arrastar gente mas a dar lucro. Assim ninguém vai ter que pagar as dívidas dos outros. A coisa é simples. Transforma-se o estádio num tabuleiródromo e põe-se o pessoal a pagar bilhete para ver as mocinhas a desfilar de tabuleiro com pão à cabeça e de maminhas ao léu, minissaia pelo umbigo. É lotação esgotada na certa e milhares de euros de lucro. E se as moçoilas do concelho não forem suficientemente desinibidas, não há que ter preocupações com a matéria-prima. Pede-se a uma das casas de alterne da região para fornecer o material.Caro Manel, e agora algo de completamente diferente. O nosso Ribatejo foi invadido recentemente por seres estranhos e é necessário tomar medidas. Não, não me estou a referiu aos OVNI vistos em Abrantes, nem aos seres verdes que andam por Alvalade disfarçados de jogadores de futebol, mas aos alienígenas como o José Castelo Branco e o Avelino Ferreira Torres que estão acampados lá para as bandas de Samora Correia.É verdade, meu caro. Já não bastava a cambada que por cá havia e onde modestamente me incluo. Ainda tínhamos que gramar com seres de outras galáxias que vêm com a intenção deliberada de maltratar a nossa agricultura e a nossa pecuária. Onde páram os defensores dos animais, sempre tão dinâmicos quando se trata de pedir comer para os cães vadios? E onde está o secretário de Estado da Agricultura que permite tal desaforo? Não será grave ter bodes e bois com a sua virilidade constantemente em risco e a temer pelas maiores sevícias? Sujeitos a serem ordenhados, por engano ou deliberadamente, por um qualquer Castelo Branco? Ou a serem pontapeados nas partes baixas por um qualquer autarca nortenho?Eu, que até nem sou muito de missas, já pensei em apelar à intervenção do Divino Espírito Santo. Mas já desisti da ideia. Se nem das dívidas da Festa dos Tabuleiros conseguiu tratar, não é a lidar com energúmenos deste calibre, mais manhosos que sete raposas, entidades que usam cuecas de fio dental ou que são autarcas há 30 anos, que vai levar a sua avante. Há que dizê-lo com frontalidade!Um tabuleiro de bacalhaus do Serafim das Neves

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