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O contabilista que queria ser médico

Pedro Miguel Teixeira é responsável pelo departamento de Contabilidade de uma multinacional de armazenagem

Frequentou um curso de formação profissional do Centro de Emprego, com estágio integrado, e foi contratado pela empresa onde estagiou. Pedro Miguel Teixeira, 24 anos, é o responsável pelo departamento de contabilidade da Tibbet & Britten, com sede no Carregado, dependendo directamente do director financeiro da empresa.

Pensou em cursar medicina, principalmente por influência de um familiar médico que muito estima. A intenção de princípio levou-o a inscrever-se no grupo de científico-naturais na Escola Secundária de Alenquer, vila onde reside. “No 9.º ano é-se muito novo e não se tem muito a noção do que de facto queremos. Pensei em seguir medicina, por influência do meu primo, mais nada”.No 12.º ano, acumulou com as aulas um part-time e, por isso, ou por outra razão qualquer a Matemática ficou por fazer e as hipóteses de ser médico acabaram por se perder. Só com uma cadeira, Pedro Teixeira foi trabalhar com o pai, na empresa familiar de móveis.Entretanto, as condições económicas da empresa pioraram, houve necessidade de reduzir pessoal e Pedro Teixeira, apesar de ser filho do dono, decidiu sair. “Achei que seria injusto eu ficar porque a empresa era do meu pai e despedir outros funcionários que já lá estavam há mais tempo”, diz.Pedro Miguel passou assim à situação de desempregado, inscreveu-se no Centro de Emprego de Alenquer e teve conhecimento dos cursos de formação, nomeadamente de “Técnicas Administrativas e Informáticas de Apoio à Gestão”.“De informática sabia muito pouco ou nada, o que actualmente é um grande contra para conseguir emprego onde quer que seja. O curso seduziu-me e também obtive boas referências de outras pessoas que já tinham frequentado acções de formação”.Três ou quatro meses depois de se ter inscrito no Centro de Emprego de Alenquer foi chamado para o curso em Alverca. “Foi muito bom, de facto aquilo que me tinham dito era verdade é um curso muito abrangente, que nos ensina quase tudo”.A acção tem a duração de um ano, com um estágio integrado numa empresa. Pedro Teixeira “teve sorte” e foi estagiar na empresa onde acabou por ficar a trabalhar, na “Tibbett & Britten”, no Carregado.“Enquanto estagiário fiz de tudo um pouco, quando acabei o estágio e fui convidado a ficar, passei para a contabilidade”. Actualmente, Pedro Teixeira é responsável pelo departamento de contabilidade da Tibbet & Britten, multinacional de armazenagem e distribuição com sede no Carregado.“Até nisso tive sorte, estou a sete quilómetros de casa, demoro entre 10 a 15 minutos a chegar ao emprego”. Começa a trabalhar às 09h00 e sai às 17h30. A empresa, com cerca de 100 trabalhadores, tem cantina e Pedro Teixeira não precisa de se deslocar durante a hora de almoço. “Temos sempre vários pratos, é muito bom”.Vindo de um curso de formação profissional do Centro de Emprego, Pedro Teixeira não sentiu dificuldades de maior em assumir a responsabilidade do departamento de contabilidade. “O curso deu-nos um conhecimento alargado de todos os aspectos administrativos de uma empresa. Por outro lado, como já comecei a trabalhar segundo as regras do Plano Oficial de Contas, não senti dificuldades de adaptação. As regras são lógicas, cada documento tem que ter determinada classificação e tudo corre bem”.Como responsável pelo departamento de contabilidade, o jovem contabilista depende directamente do director financeiro e as funções que desempenha fizeram-no esquecer por completo o curso de medicina. “Quero acabar Matemática e depois matricular-me num curso de Contabilidade ou Gestão”. Com Pedro Teixeira, matricularam-se no mesmo curso do Instituto de Emprego e Formação Profissional 16 pessoas, com idades compreendidas entre os 18 e os 43 anos, algumas delas na situação de desempregado de longa duração. Dos 16 a maioria conseguiu emprego e uma das formandas ficou também a trabalhar na Tibbet & Britten. “Era um curso quase só de mulheres, éramos 16 e 14 são mulheres”.Para além dos módulos direccionados para o sector administrativo, o curso tinha aulas de âmbito mais geral, nomeadamente Inglês e Comunicação: “Aprendemos a comunicar, a perceber como agir com a pessoa que temos em frente, são módulos que misturam comunicação, com português, psicologia... muito interessante”.Depois do trabalho, que Pedro Teixeira diz não ser muito stressante, embora exija concentração, o jovem contabilista ganhou o gosto por bicicletas todo o terreno e por setas. “No BTT sou eu e o meu pai, comprámos uma bicicleta a meias. Nas setas foi principalmente por amizade com os dirigentes de uma nova associação de Alenquer que começou a desenvolver esse desporto e é bom porque ajuda à concentração”, concluiu.Margarida Trincão

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