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A terra das velas e vassouras

A terra das velas e vassouras

Monsanto, uma freguesia envelhecida numa área de parque natural

Monsanto é a segunda maior freguesia do concelho de Alcanena em termos de área. Inserida no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, distingue-se pelas actividades artesanais como as do fabrico de vassouras e velas. As potencialidades turísticas estão subaproveitadas.

Num concelho conhecido pelas indústrias de curtumes, como é o de Alcanena, a freguesia de Monsanto distingue-se por outras indústrias de base artesanal, como o fabrico de velas e vassouras. Desta freguesia com 1.500 habitantes com toda a área inserida no Parque Natural das Serras D’Aire e Candeeiros (PNSAC), saem produtos desses para várias zonas do país. A agricultura, algumas fábricas de curtumes do concelho e o pouco comércio ocupam os populares da freguesia e não há desemprego por aquelas bandas, segundo afirma a presidente da junta de freguesia, Susana Aparício. Pior é o estado do parque habitacional e os espaços públicos algo degradados, apesar de nos últimos tempos ter sido feito um esforço para lavar a cara de várias praças e pequenos jardins. Quem entra na freguesia, depois de percorrer a estreita e danificada Estrada Nacional 361 entre a sede de concelho e Monsanto, depara-se com casas tradicionais, de bonita traça, a cair aos poucos. Há muitas assim nas apertadas ruas da localidade. As pessoas estão mais viradas para construir casas novas do que recuperar as antigas. E as regras impostas pelo Plano Director Municipal e pelo PNSAC impedem grande parte das obras. Não admira que um dos principais problemas locais seja a desertificação. Os jovens fixam-se em Alcanena, Rio Maior ou Santarém, fazendo de Monsanto uma terra de população envelhecida.Monsanto tem saneamento básico, mas os dois lugares que completam os 12 quilómetros quadrados da freguesia ainda despejam os esgotos para fossas. Está prevista a construção de condutas para ligar Covão do Feto e Casais da Mureta à Estação de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena (ETAR). E disso depende também o arranjo das estradas destes locais. Com abastecimento de água e electricidade a cem por cento, a freguesia, a segunda maior em área do concelho, o posto médico funciona razoavelmente com um enfermeiro disponível todos os dias e médico quatro vezes por semana. Em contraponto está o comércio, que se resume a algumas lojas e cafés. As pessoas preferem as médias e grandes superfícies de Alcanena e Torres Novas. Outra das fragilidades é, no entender de alguns habitantes, a falta de um bom restaurante com pratos típicos. Uma lacuna sentida sobretudo após o encerramento do “Mal Cozinhado”. A ocupação dos idosos também é uma necessidade há muito sentida. A terceira idade passa o tempo nos bancos do jardim à entrada da localidade. Por isso já foi constituída uma associação “A Casinha”, que tem por objectivo conseguir construir um centro de dia. Para os mais novos há jardim-de-infância, escola do primeiro ciclo, ATL (Actividades de Tempos Livres), espaços desportivos e clubes onde podem praticar desporto. O Grupo Desportivo e Recreativo de Monsanto milita na terceira divisão nacional a nível de seniores e é motivo de justificado orgulho após se ter sagrado campeão distrital no ano passado, batendo o pé a clubes com mais tradição e peso. Nas camadas jovens, o clube movimenta muita gente também de fora da freguesia e do concelho. O futebol feminino é outro dos atractivos. O Clube de Espeleologia de Lisboa tem sede na localidade. E há ainda um grupo de teatro: os “Meninos da Rua”.A vertente social é uma das preocupações locais e que se acentuou com o aparecimento de grupos de toxicodependentes que vagueavam pelas ruas. Um problema resolvido há algum tempo pela GNR, que fez uma operação na zona, acompanhada por políticas de inserção da junta de freguesia. Muita gente é capaz de não saber o significado que tem o facto do posto de correios funcionar na sede da junta. O serviço foi instalado no edifício em 1989 e foi considerado pelos CTT um posto modelo a nível nacional. Monsanto tem grandes potencialidades para o turismo, mas que não são aproveitadas. Qualquer pessoa que se encontre na rua fala das muitas grutas existentes na zona, das paisagens, dos trilhos que podem ser rasgados pelas serras e vales, pelo meio de vegetação rica. O património edificado e cultural também é rico. Existem inúmeros lavadouros públicos e fontes centenárias. Já para não falar na imponência e riqueza da fachada da igreja paroquial. Alguns dos bons motivos para visitar Monsanto e respirar o ar puro que sopra da serra.
A terra das velas e vassouras

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