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A hora da mudança

Pela sua própria maneira de ser superficial, pouco dada ao conhecimento dos dossiers, o nosso Primeiro Ministro vai comunicar muitas coisas ao País – aquelas que pensa fazer, aquelas que diz que vai fazer mas não esclarece como, aquelas que está a fazer mas não explica em que estratégia se inserem e as razões das opções políticas que tomou, e aquelas que já fez. Tudo é imagem!

Pior do que decidir mal é não decidir. Pior do que Governar mal é não Governar.Estas expressões são sobejamente conhecidas. Também sabemos muito bem os resultados negativos da não decisão e do não Governo. Se tivesse que sintetizar o que se passa, hoje, no nosso País, diria que estamos, enquanto sociedade civil, numa situação de Não Governo.Porque Governar significa, fundamentalmente, duas coisas: primeiro, definição de objectivos, estrategicamente definidos, e segundo acção(ões) no sentido de atingir esses mesmos objectivos.Hoje a coligação PP/PSD que nos Governa, infelizmente, não traçou, objectivamente, uma estratégia de desenvolvimento para o País. Pior do que isso, porque considero que a análise tem de ser efectuada de há dois anos para cá, começando com o Governo de Durão Barroso, eu diria mesmo que esta coligação que nos Governa não sabe aquilo que quer para o País – não se trata, somente, de um problema de competência(s) mas também da ausência de uma ideia e de um projecto de crescimento/desenvolvimento para Portugal.Se fizermos uma retrospectiva do que passou neste período de tempo, chegamos à conclusão que a situação económica-financeira de todos os Portugueses, cidadãos e empresas, só piorou (e atenção que a recuperação económica já se verifica por toda a Europa), as contas públicas continuam descontroladas (não se trata só do insucesso crasso de controle de despesas públicas mas também da manifesta incapacidade de cortar/reduzir as despesas públicas e de reformar a administração do Estado); por outro lado, o nosso déficit externo continua a crescer (cada vez gastamos mais como País e somos forçados a pedir emprestado, no exterior, para pagar aquilo que gastamos) e, por último, mas não menos importante, a maior parte das reformas e medidas prometidas continuam por implementar (veja-se o recente exemplo do choque fiscal – baixa progressiva da taxa de IRC cobrado às empresas; Miguel Cadilhe está à beira de sair, infelizmente, da liderança da A.P. Investimentos, entidade que gere os investimentos externos e internos de Portugal, porque ética e moralmente comprometido com os investidores a quem tinha confirmado uma baixa da taxa do IRC, viu-se confrontado com a notícia de Bagão Felix a dizer que o não vai fazer).Ou seja, o modelo defendido por José Manuel Barroso de favorecimento da competitividade da nossa economia, com base no crescimento da produtividade, que tem como consequência um crescimento das nossas exportações, não passou de uma ilusão (no seu último relatório a OCDE arrasa o modelo de crescimento Português).O recente modelo, mais populista, apresentado por Santana Lopes, que vai, pretensamente, favorecer o crescimento económico (em detrimento do controlo do déficit público) também não vai passar de uma ilusão. Esta última bem pior, uma vez que todos os Portugueses vão pensar que vão pagar menos impostos e que vão ter melhores condições de emprego mas, daqui a dois anos, vão chegar à conclusão que as medidas do Governo e a sua acção tiveram afinal uma vida demasiado curta – o objectivo era mesmo tentar ganhar as eleições que se aproximam – regionais, autárquicas, presidenciais e legislativas.No caso deste Governo Santanista temos, adicionalmente, dois problemas ainda mais graves. Pela sua própria maneira de ser superficial, pouco dada ao conhecimento dos dossiers, o nosso Primeiro Ministro vai comunicar muitas coisas ao País – aquelas que pensa fazer, aquelas que diz que vai fazer mas não esclarece como, aquelas que está a fazer mas não explica em que estratégia se inserem e as razões das opções políticas que tomou, e aquelas que já fez. Tudo é imagem!Por outro lado, a coligação PP/PSD, é assim mesmo por esta ordem, não terá condições para se entender.Os Ministros do PP que têm as principais pastas do Governo, Paulo Portas, Bagão Félix, Nobre Guedes e Telmo Correia, são também, por natureza, cultivadores da sua própria imagem. Desde o início desta Governação que é notória a total incapacidade de Santana Lopes coordenar as políticas dos diferentes Ministérios e, fundamentalmente, de Governar em coligação com um parceiro de direita que dita, hoje, as principais regras e torna públicas, prematuramente, as suas opções políticas. Nota final: Um sentido voto de solidariedade para com os alunos, pais e professores deste País, objecto de uma das mais ultrajantes e insólitas situações de “Não Governo” de Portugal.

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