ESPECIAL S.Martinho | 02-11-2005 11:20
“Íamos descalços para a feira”
Joaquim da Silva, tem 76 anos, nasceu e viveu sempre na Chamusca, recorda-se da “antiga” Feira de São Martinho, na Golegã, como uma feira dos pobres e garante que o certame actual nada tem a ver com o São Martinho da sua mocidade.
Quando era rapaz novo juntavam-se grupos de rapaziada para fazer a pé os sete quilómetros que separam a Chamusca da Golegã para ir à Feira de São Martinho. “Íamos a pé e muitas vezes descalços, a ideia era comermos umas castanhas assadas, muitas vezes pedidas aos assadores, e aproveitar alguns amigos para beber uns copos de água-pé. Nessa altura era a feira dos pobres, agora é a feira dos ricos e das vaidades”, opina Joaquim da Silva.Algumas vezes acontecia irem a pé até ao dique dos vinte, quando havia cheia no campo, e se não houvesse um barqueiro compreensivo para os passar para o outro lado tinham que voltar para trás porque não havia dinheiro para pagar a passagem. “O pior era quando passávamos para o lado da Golegã e depois no regresso sem dinheiro e já com uns copitos valentes, encontrávamos um barqueiro mais embirrante”, diz Joaquim da Silva.Para além de se beber uns copitos, havia também o objectivo de ir à Feira de São Martinho comprar uma samarra e umas botas cardadas. “Uma samarra é como quem diz, comprávamos uma serapilheira com forro de linhagem, fazíamos um figurão. Mas mesmo assim às vezes andávamos anos a juntar uns tostões para a comprar, e comprávamos também uns tamancos cardados com carda de asa de mosca. Eram outros tempos…”.Na recordação de Joaquim Silva há também a ideia de rivalidade existente entre os habitantes das duas vilas. “No meio de uns copitos de água-pé havia sempre uns sopapos à mistura”, diz Joaquim da Silva, para quem agora já não há Feira de São Martinho - “Há uma feira dos ricos, que andam com os cavalos quase por cima das pessoas, não tem nada a ver com a feira de antigamente”, garante
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