As ruas enchem-se de feirantes. Casas particulares transformam-se por uns dias em tasquinhas ou em hospedarias bem pagas. A feira, ou as feiras, fazem a terra fervilhar, contrastando com a pacatez em que vive o resto do ano.Os visitantes podem ali comprar de tudo. Desde cavalos a sapatos, de arreios a camisolas, de algodão doce a castanha assada, de toda a sorte de quinquilharias a frutos secos. É uma espécie de centro comercial a céu aberto em versão popular. Sem a sofisticação, as luzes e a música standard dos shoppings.Peões e cavalos disputam as ruas. O fumo dos grelhadores e dos assadores de castanhas interpelam os sentidos. A água-pé é a bebida oficial. Ali, reina a confusão, a alegria, a festa. O Largo do Arneiro é nesses dias uma autêntica passagem de modelos e trajes de montar. A feira também é feita de garbo e de vaidades. Segundo rezam as crónicas, a Feira de São Martinho remonta a meados do século XVIII, não sendo possível registar a data com rigor. Mas desde a sua génese a feira foi aproveitada para alguns dos melhores criadores de cavalos dos campos da Golegã exporem os seus animais. A Feira da Golegã passou a estar no itinerário de gente de todo o país para ali negociar cavalos. Lavradores, cavaleiros e toureiros eram clientes assíduos.Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a falta de combustíveis subsequente, o cavalo de tiro ligeiro voltou a estar na moda. As charretes voltaram às estradas. A feira foi influenciada por essa conjuntura, tornando-se a partir daí, também, como um centro de atracção turística que chegou até aos dias de hoje.A Feira de São Martinho só em 1972 passou a ser designada oficialmente por Feira Nacional do Cavalo e integrada nela um conjunto de manifestações equestres onde se divulgam várias modalidades desportivas associadas ao cavalo.A data mais importante da feira continua ser 11 de Novembro, dia de São Martinho.