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O navegador é o irmão gémeo do piloto

O navegador, co-piloto ou simplesmente o “pendura” é para Victor Jesus como que o irmão gémeo do piloto. O homem que se senta ao lado daquele que vai ao volante tem uma missão decisiva no desenrolar de cada prova. “Só com uma grande confiança, solidariedade e cumplicidade entre ambos é possível levar uma prova de rali ou de todo-o-terreno até ao fim”, garante o navegador.São bem distintas as formas de actuar do navegador nos ralis e no todo-o-terreno. Nos ralis, é feito um reconhecimento no terreno, onde é feito um levantamento do percurso, são tiradas notas e feitos apontamentos, que ficam a reconhecer metro a metro, curva a curva, os locais onde se vai passar na prova. “Ficamos assim com pontos de travagem, com trajectórias e com todos os obstáculos, que depois em competição, vamos transmitindo ao piloto, que fica apenas com a preocupação de fazer a condução do carro”, explicou Victor Jesus.No todo-o-terreno as coisas são mais difíceis, mas segundo Victor Jesus também mais aliciantes. “No todo-o-terreno apenas temos o Road Book (livro da prova) que nos indica o caminho a seguir. É fornecido pela organização na véspera da prova, e a partir daí o navegador tem que perceber e tentar entender todos os desenhos e obstáculos que são indicados, e que às vezes podem variar de metros para quilómetros entre desenhos, e saber ler no próprio terreno e adaptar-lhe o que está no papel”, referiu o experiente navegador.Por outro lado, nas grandes provas de todo-o-terreno, como são as disputadas no continente africano, onde se encontra de tudo, onde as distâncias são enormes, e onde piloto e navegador chegam a rodar dentro do carro mais de 12 horas seguidas, a navegação é bem mais aliciante.“Quando chegamos ao deserto ou à savana ou aos percursos com todas aquelas falésias altíssimas, e vemos toda aquela imensidão de areia ou de terreno inóspito, uma natureza virgem como não se vê em mais lado nenhum, sentimo-nos muito pequeninos, e algumas vezes perguntamo-nos como é que vamos sair dali. E aí vem bem ao de cima todo o nosso sentido de orientação, a adrenalina sobe rapidamente. Conseguirmos entrar nos trilhos e chegarmos ao fim é realmente um sentimento importante de vitória”, garante Victor Jesus.A chegada ao fim de cada uma das etapas é o final para os pilotos que vão de imediato descansar. Mas o navegador ainda tem muito mais que fazer. “Não vamos descansar sem que o carro seja totalmente revisto pela assistência. Somos nós que lhe transmitimos todos os problemas sentidos, geralmente não vamos descansar menos de quatro horas depois da chegada, e nas grandes provas habituamo-nos a dormir depressa”, disse em jeito de brincadeira o navegador.

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