Os corta-fitas
Fiquei espantada com aquela cerimónia de abertura da Feira Nacional de Agricultura. Tenho cinquenta anos e vivi parte da minha existência no tempo da outra senhora como se costuma dizer. Lembro-me bem do tom depreciativo com que víamos os cerimoniais de inaugurações. Agora, a pouco e pouco, apercebo-me que estamos a regressar a esses tempos.Não sou contra cerimónias. Não sou contra inaugurações. Mas tudo tem que ter um limite. Já vi obras serem inauguradas antes de estarem terminadas. Já vi obras serem inauguradas mais que uma vez. Mas a Feira Nacional da Agricultura não é uma obra ou monumento. É apenas uma feira. Cortar uma fita para quê? E pôr uma dezena de autarcas de tesoura em punho a cortar a mesma fita será razoável.Pessoalmente acho que se a situação foi extremamente ridícula e desprestigiante. O que mais me espantou foi ver a adesão sem reservas dos políticos solicitados para a função. Havia ali pessoas de diferentes quadrantes políticos. Pessoas com a minha idade ou perto disso. Ninguém tem a memória que eu tenho dos anos do marcelismo e das cenas ridículas a que se prestavam os políticos da altura. Qual a diferença?Gabriela de Sena
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