Violência verbal na assembleia municipal
Troca de “mimos” entre deputados e presidente da Câmara de Tomar aqueceu ambiente
O presidente da Câmara de Tomar e o líder da bancada do PS na assembleia municipal protagonizaram um diálogo escaldante que pode acabar nos tribunais.
“Isso é uma falta de respeito para com o povo. E a minha educação não permite ouvir destas coisas” dizia na segunda-feira uma deputada da Assembleia Municipal de Tomar que saiu da sessão que decorria no salão nobre da câmara “para tomar um café e desanuviar”.O ambiente lá dentro estava de cortar à faca e as sucessivas agressões verbais entre o presidente do município e alguns deputados obrigaram mesmo o presidente da mesa, Miguel Relvas (PSD), a puxar dos galões.“Haja respeito”, disse Miguel Relvas, que pediu aos deputados mais moderação na linguagem dentro do órgão que representa os munícipes do concelho.A guerra estalou depois de alguns deputados terem criticado o presidente da câmara e o seu executivo pela sua ausência na vigília popular contra o anunciado encerramento das urgências pediátricas, realizada uma semana antes.À excepção do PSD todas as outras bancadas criticaram o facto, levando o presidente do município, António Paiva (PSD), a dizer que vai continuar a tratar o assunto “de forma institucional”, com reuniões de trabalho com os vários interlocutores. “Trato deste assunto no lugar certo. Não fui lá para a fotografia, como o senhor”, disse directamente para o líder da bancada socialista, Luís Ferreira. A deputada social-democrata Graça Costa veio em defesa do presidente, afirmando também que o PS quer apenas mostrar serviço quando diz que é a única força política a tentar fazer algo sobre este assunto.António Paiva voltou à carga, afirmando que os interesses colectivos de Tomar têm de estar à frente dos interesses pessoais, acusando Luís Ferreira de ter duas faces. “O senhor tem um discurso aqui e outro completamente diferente em Santarém”, criticou, referindo-se às posições que o deputado tem tomado enquanto adjunto do governador civil.“O presidente da câmara é um incompetente na defesa dos interesses de Tomar. Basta ouvir a gravação desta assembleia para o senhor perceber as bacoradas que tem dito”, ripostou Luís Ferreira, levantando um “sururu” na sala.António Paiva respondeu no mesmo tom. Excluindo os presidentes de junta socialistas e grande parte dos deputados da bancada, “que são pessoas válidas”, o presidente acusou o líder socialista de ser responsável pela fraqueza do partido em Tomar.“É por causa desta fraqueza que tem o PS de Tomar que não se resolvem as questões. Porque criam problemas onde eles não existem. Põem-se de uma forma demagógica e até ridícula ao lado da população”. E acelerou, acusando Luís Ferreira de “falta de credibilidade”. “O senhor é que tem umas frase bacocas. Cresça e apareça, meu amigo”.“Em defesa da honra pessoal” o líder da bancada socialista pediu certidão da acta para “recorrer nos locais próprios às acusações vis, maldosas e de integridade profissional e pessoal que o senhor fez à minha pessoa”, disse Luís Ferreira, referindo-se às palavras do presidente como “um ataque de baixo nível e completamente descabido”.“Cada vez gosto mais da política”, disse a seguir o deputado da CDU Bruno Graça, que mais tarde também acusaria António Paiva de usar “a mentira e falsas acusações” relativamente à proposta apresentada pela câmara para as actividades extracurriculares para o próximo ano lectivo.Um ponto que também gerou muita polémica e troca de acusações entre o deputado socialista Luís Arsénio, responsável da Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do Tejo (DREL), e o presidente do município. Margarida Cabeleira
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