Ponte entre Constância Sul e Praia do Ribatejo em risco
Autarcas decidem vedar travessia a veículos com mais de 15 toneladas
As câmaras de Constância e Vila Nova da Barquinha vão interditar a passagem de veículos com peso superior a 15 toneladas na ponte sobre o Tejo que liga os dois concelhos.
A ponte rodoviária sobre o Tejo, que liga Praia do Ribatejo (Barquinha) a Constância Sul, vai ser interdita a veículos com mais de 15 toneladas devido à insegurança da estrutura. Uma inspecção feita em Abril deste ano pela empresa Estradas de Portugal (EP) concluiu que a conservação da travessia evoluiu para o grau 4, o último patamar antes da pré-ruína (grau 5).A decisão dos dois autarcas, que será aprovada nas próximas reuniões dos dois executivos, teve a compreensão e o apoio das comissões parlamentares de Obras Públicas e do Ordenamento do Território. Os responsáveis pelas duas comissões - Miguel Relvas (PSD) e Miguel Tiago (PCP) -, acompanhados por uma extensa comitiva de deputados e representantes de entidades locais e regionais, visitaram terça-feira o local antes de uma reunião alargada com os presidentes dos municípios de Constância e Barquinha.No final Miguel Relvas enalteceu a posição de unanimidade dos grupos parlamentares para que se encontre o mais depressa possível uma solução para a ponte.“Estava convencido que o que tinha acontecido em Entre-os-Rios tinha servido de lição. Pelos vistos enganei-me”, disse o presidente da Comissão Parlamentar de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, referindo-se ao facto da empresa Estradas de Portugal ainda nada ter feito para garantir a segurança da travessia.“Custa-me muito que quem alerte para o problema, com uma inspecção que dá uma conclusão no mínimo preocupante, não apresente soluções para a questão”, disse Miguel Relvas.Que garantiu ir analisar urgentemente o processo com o Governo e a Assembleia da República. Porque o que está em causa para já é a segurança das pessoas.É por isso que para Miguel Relvas, porta-voz da reunião, o primeiro passo a ser dado é a urgente recuperação da ponte, “para que no futuro não nos venhamos a arrepender de não ter actuado mais cedo”.Uma recuperação que o presidente da Comissão Parlamentar de Obras Públicas quer que seja o poder central a fazer. Por considerar injusto que duas das mais pequenas autarquias da região sejam obrigadas a fazer um esforço financeiro acrescido para um problema nacional.“Esta é uma infra-estrutura que não presta apenas um serviço regional, presta um serviço nacional. É uma infra-estrutura que também é um pólo de desenvolvimento do país, porque serve grandes empresas nacionais como a Celulose do Caima e a Mitsubishi”, referiu o responsável da Comissão de Obras Públicas, adiantando que “quem fez o diagnóstico faça também a cura”.CIRVER em causaA interdição da ponte sobre o Tejo a veículos com mais de 15 toneladas não prejudica só as empresas da zona. Também vai condicionar fortemente, se nada for feito entretanto, a construção dos CIRVER (aterros para resíduos industriais perigosos) no concelho da Chamusca, que deverão entrar em funcionamento em 2008. Bem como a circulação dos resíduos para os outros aterros sanitários do mesmo concelho, instalados na freguesia de Carregueira.“Dentro de um mês a ponte que liga a Chamusca à Golegã vai entrar em obras de melhoramento e o tráfego será desviado para a nossa ponte. Daqui a um ano é a ponte do Rossio ao Sul do Tejo que também sofrerá obras de manutenção, com o tráfego a ser desviado mais uma vez para esta ponte”, disse o presidente da Câmara de Constância, António Mendes (CDU).Que deixou no ar um alerta: “Com a nossa ponte interdita a veículos com mais de 15 toneladas de peso apetece perguntar por onde todo o tráfego pesado vai passar para atravessar de uma margem para a outra do Tejo”.António Mendes considera que o assunto não está a ser suficientemente avaliado pelo poder político, em Lisboa, recordando uma guerra que já tem mais de uma década. O seu colega de Vila Nova da Barquinha, Vítor Pombeiro (PS), foi ainda mais longe, afirmando que a interdição da ponte “é apenas uma primeira medida”.E “um sinal” de que os autarcas não irão ficar de braços caídos numa luta que dizem não ser apenas sua mas de todos quantos passam diariamente numa ponte que o próprio Governo, através da empresa Estradas de Portugal, considera insegura.Margarida Cabeleira
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