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“O professor Hermano Saraiva quando não sabe inventa”

“O professor Hermano Saraiva quando não sabe inventa”

A indignação quando ouve “barbaridades” sobre a vida de Camões
O que é que ainda se pode esperar de Manuela Azevedo?Que se acabe a Casa Memória. É o meu grande desafio. E gostava de publicar uma reedição dos meus versos. Nunca procurei um editor. Foram sempre pessoas que se interessaram por mim.Como ocupa hoje os seus dias?São muito cheios com estas coisas todas do Camões. Tudo nasce aqui, na minha cabeça, mas depois tenho que ir às lojas, às oficinas, etc… E resolvo muitas coisas pelo telefone. Escrevo muito também.Anda de volta das suas memórias?Desisti de escrever uma coisa de fio a pavio. Estou a escrever por temas. Sobre o vestuário, como era e como evoluiu. O teatro, que comecei a assistir aos quatro anos. A política, a religião, a igreja. Vou fazendo uns capítulos soltos. Ainda se indigna facilmente quando ouve dizer algumas “barbaridades” sobre a vida de Camões?Sim. Até fiz dois caderninhos de carácter escolar sobre a sua vida e um deles é sobre os Camões em Constância. Porque ele não aparece ali por acaso. Tinha uma bisavó, chamada Leonor de Camões, que foi dona daquelas terras todas até ao Sardoal. Mas continua a haver quem ponha em dúvida a estadia do poeta em Constância?Porque as pessoas não sabem, não conhecem…Chegou a ter uma polémica com o professor José Hermano Saraiva sobre isso. Pois. E há outros…Já o perdoou?Não.É uma pessoa por quem não nutre particular admiração. Não. Nenhuma. Ele quando não sabe inventa. Foi o que se passou com Camões. Há também um professor de Coimbra chamado Aníbal Pinto de Castro que diz que Camões não esteve em Constância. E defende que esteve em Coimbra, que foi lá que estudou e trabalhou. Claro que o contradigo porque o Camões tem realmente parentes em Constância. E a forma como descreve o Zêzere é porque o conhece. Tal como conhece perfeitamente a própria cozinha daquela região.Foi jornalista, professora, escreveu romances, poesia, novela, teatro, ensaio. E assumiu de corpo e alma o papel de divulgadora de Camões. Em que missão mais se realizou?Com certeza que foi a casa de Camões. Foi a obra da minha vida.Nem o facto de ter sido pioneira nas redacções ofusca essa faceta?Eu já não me lembro disso. Nem as pessoas se lembram. Isso passou, mas a casa fica. É a única coisa que fica. E também os livros. Tenho a consciência que estou a fazer uma coisa para ficar. Já há professores universitários que dizem hoje que Constância é a terra mais camonista de Portugal. Isso honra-me muito.A senhora nunca casou?Não, nunca casei, mas também tive as minhas paixõezitas.Mas o homem da sua vida é mesmo Camões?É o meu marido (risos). Os meus amores antes eram com Camilo (Castelo Branco). Mas depois pu-lo de parte.Foi um amor de perdição por Camões?Eu penso muitas vezes que se houvesse outro mundo o Camões e o Camilo andavam lá às voltas por minha causa. Porque deixei Camilo a meio. Estava a fazer uma investigação muito importante sobre a sua obra. Tenho também um livro chamado “À sombra de Eça e Camilo” e até mandei um exemplar recentemente à ministra da Cultura, que é uma queirosiana.
“O professor Hermano Saraiva quando não sabe inventa”

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