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A reciclagem ao serviço da arte

A reciclagem ao serviço da arte

Artesã de Vialonga dá nova vida a objectos usados

O desperdício é a matéria prima que Fátima Jacob utiliza para dar vida a peças únicas e personalizadas. Foi o desemprego que revelou a artesã de Vialonga.

Uma caixa de whisky. Um monte de jornais demolhados e triturados. Cola e uma boa dose de criatividade. Resultado: um candeeiro. Esta é a arte de Fátima Jacob, a artesã que cria peças novas a partir de objectos usados. A base é a pasta de papel e com ela diz que pode criar “tudo o que quiser”. No atelier, instalado no pátio da sua casa em Vialonga, rolos de papel de cozinha ou higiénico, jornais, frascos de salsichas, copos de iogurte, pedras e paus amontoam-se nas mesas e estantes. São os seus materiais de trabalho com os quais faz fruteiras, candeeiros e castiçais, porta CDs e potes da sorte. Há 13 anos, Fátima Jacob vendeu o estabelecimento comercial que possuía ficando desempregada. Por sentir “que tinha que fazer alguma coisa” frequentou um curso de barro na Casa da Cultura de Alverca, o início da sua aventura pelo mundo das artes.Depressa passou da imitação à criação com pasta de papel. O processo começa com a demolha dos jornais, dados por amigos e conhecidos, durante algumas horas. Depois da máquina trituradora penetrar nas folhas desfeitas, aquilo que em tempos contou o que se passava no mundo passa a uma bola disforme. Uma massa que na mão da artesã de 48 anos se transformará naquilo que a sua imaginação e inspiração ordenarem. Com uma caixa, que serve de molde, pode criar um cesto para revistas ou com vários pedaços de barro fazer uma fruteira. Um frasco de salsinhas transforma-se num recipiente para o açúcar ou arroz e um copo de iogurte num pote da sorte recheado com sementes de feijões, milho ou grão. Actualmente tem um part-time das seis às nove da manhã e, por isso, o resto do dia divide-o entre o trabalho de criação, a maior parte, e as actividades domésticas. A noite é no entanto a sua altura preferida para trabalhar. “Ninguém me chama, ninguém precisa de mim”, diz. Os lucros, confessa, não são nenhuns, “nunca dá para ganhar dinheiro”. E exemplifica: “um dia destes na feira de Sesimbra, das sete horas da amanhã à meia-noite, fiz pouco mais de 80 euros”. Contudo, apesar de não vender as reacções positivas das pessoas já a satisfazem. É nas feiras de artesanato da região que Fátima Jacob apresenta e vende as suas peças originais. A que mais gosta é a de Vila Franca de Xira – o Salão de Artesanato, durante a Feira de Outubro – em que marca presença todos os anos desde 1994. Sesimbra, Odivelas e Cascais são outros dos pontos de passagem obrigatória para mostrar a sua arte. Os amigos também fazem questão de dar trabalho à artesã com pedidos especiais. Por exemplo, uma amiga pediu-lhe para fazer bolas em pasta de papel para a árvore de Natal deste ano.E mesmo que os amigos não peçam, Fátima Jacob faz questão de os presentear com peças suas, sempre personalizadas, em épocas festivas. Algo que lhe dá mais prazer que comprar uma prenda impessoal e que acredita também deixa os amigos mais felizes. Sara Cardoso
A reciclagem ao serviço da arte

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