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As voltas que o mundo dá

Quem acompanha as lutas da imprensa regional lembrar-se-á do que escrevemos aqui durante semanas seguidas a propósito das medidas tomadas no Governo, era então Secretario de Estado da Comunicação Social Alberto Arons de Carvalho.Na altura, nalguns artigos que deixaram o ex-governante indignado ( chegou a exercer o direito de resposta e a ameaçar com tribunais), escrevemos que as medidas que estavam a ser tomadas eram estalinistas(entre outros mimos que não interessa recordar ).Numa altura em que as medidas contra a comunicação social regional e local voltam a ser despropositadas e demasiado injustas, encontrei numa audiência parlamentar o deputado do PS Alberto Arons de Carvalho. Como era de esperar a conversa, no princípio, não correu bem. Se o objectivo era sensibilizar o senhor deputado Arons de Carvalho para a importância da sua intervenção junto do Governo, para fazer chegar as mensagens dos “patrões” dos jornais, a minha missão ao lado do presidente da Associação Portuguesa de Imprensa ( API) tinha que ser cordial. E assim se cumpriu. Depois de algum azedume inicial o senhor deputado lá ouviu os nossos argumentos e prometeu levar a carta a Garcia. Não sem antes, depois de confrontado com as medidas injustas deste Governo e daquele anterior em que ele próprio foi responsável, ter dito que não podia dar a sua opinião porque tinha que estudar o assunto. Imagine o leitor um deputado da nação, que recebe os representantes da comunicação social regional, no papel de alguém que já legislou com graves prejuízos para o sector, a dizer, tão poucos anos depois de ser governante do sector, que tem que ir estudar a situação para dar uma simples opinião. Mais grave ainda: Arons de Carvalho despediu-se de nós com um lamento e uma confissão tão grave como aquelas medidas que, há alguns anos, tomou contra os jornais, os únicos jornais que fazem informação de proximidade. Confessou que anda a acabar uma tese de doutoramento, que a sua grande preocupação agora é acabar a tese de doutoramento, que nada neste mundo o preocupa mais que a sua querida tese de doutoramento, e que já terá dito também aos seus camaradas que não voltará a sentar-se nas bancadas da Assembleia da República depois de acabada esta legislatura ( imagino eu porque, entretanto, nestes dois anos e meio que faltam, acabará a sua tese de doutoramento e já não precisa do Estado para mais nada).Para meio entendedor meia palavra basta. Mas apetece escrever que os Arons de Carvalho da política vão continuar a tirar teses de doutoramento enquanto governam o país ou são oposição a quem governa. Enquanto cá fora, no país real, o pessoal que trabalha, como é o nosso caso, faz teses de operários qualificados em partir pedra, em nome de um país menos merdoso e injusto do que este em que vivemos e, ás vezes, sobrevivemos ou desesperamos.JAE

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