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Uma companhia de teatro que foge ao estilo “bolorento”

Uma companhia de teatro que foge ao estilo “bolorento”

Inestética agita consciências no concelho de Vila Franca de Xira há 15 anos

A companhia vilafranquense Inestética procura espaços não convencionais para levar as pessoas a descalçar as pantufas e ir ao teatro.

“Quinze pessoas”. Avisa um dos assistentes. O número de espectadores que se concentram à entrada do palácio da Quinta da Subserra, em São João dos Montes, Vila Franca de Xira, é suficiente para começar a formar grupos de oito pessoas que durante o espectáculo “O Gato Preto & Outros Fantasmas” se movimentam entre 12 a 14 espaços do jardim e palácio sem se cruzarem. É uma das mais recentes peças da companhia Inestética (www.inestetica.com) que funciona em espaço não convencional – um estilo querido ao grupo. “As pessoas estão cansadas de ir a uma sala de teatro convencional ouvir falar do seu quotidiano. Têm necessidade de fuga, de ilusão, de emoção, de sentir coisas que não se sentem no dia a dia”, explica Alexandre Lyra Leite .É o jovem encenador de 36 anos que coordena o espectáculo e escreve grande parte das peças do grupo que está feito à sua imagem. A escrita provoca-lhe algum sofrimento, mas Alexandre Lyra Leite aventura-se muitas vezes no maravilhoso mundo da dramaturgia. Como na trilogia montada com textos originais - “O homem vazio”, “O homem absurdo” e “O terceiro homem”. Um dos trabalhos do grupo que conta com 30 espectáculos apresentados em 15 anos. “O que me aconteceu no passado é que às vezes pegava em peças de alguns autores e sentia que tinha que rasgar páginas que não gostava. Às vezes o que sobrava do autor já não era nada. Uma vez perguntaram-me porque é que escrevia textos e respondi que assim também não tenho que pagar direitos de autor. Se escrever cedo os direitos a mim próprio”. Montar o espectáculo do “Gato Preto” foi uma aventura fantástica. “Enquanto encenador nem sequer vejo tudo o que está a acontecer”, ilustra. A julgar pelos resultados valeu a pena. Quando estrearam o espectáculo já estava esgotado. O que foi uma sensação óptima para a a equipa. A Inestética não tem razões de queixa do público desde a sua criação – e já lá vão 15 anos. “Não há uma visão elitista de ter só um núcleo restrito de pessoas a ver-nos”.A Inestética vive de um núcleo duro que pensa o projecto. Os actores são convidados em função de cada espectáculo. Como aconteceu com a psicóloga Laurinda Santos e com o assistente de frota Fernando Oliveira. Amadores que usam o teatro como escape à vida profissional. Não existe um elenco fixo do grupo. Há quem trabalhe de forma amadora e depois integre projectos profissionais da companhia. É o que acontece com “Gato Preto” que inicia algumas pessoas sem formação . “Fizemos um casting. Inscreveram-se duzentas e tal pessoas. E dessas escolhemos as 20 que integram a equipa. Durante um mês fizemos um workshop”, explica o encenador que garante que trabalhar com pessoas sem grande experiência é interessante. “Têm uma energia. Se por um lado em termos técnicos desconhecem algumas áreas, também trazem um sangue novo que é interessante para um projecto não se cristalizar”. “Ultimatum” foi o primeiro espectáculo de 1991. Curiosamente provocatório. “Abrimos a nossa carreira com alguma hostilidade. Éramos muito jovens e tínhamos muita vontade de agitar. E na altura não éramos sequer reconhecidos pelos pares que achavam que o que fazíamos não era teatro. Era vídeo e instalação”. Mais de 350 pessoas já se cruzaram com “Gato Preto” no Palácio. A Inestética estreia duas produções por ano. Faz reposições de outros espectáculos. E dá vida ao novo espaço do grupo – o Inestética Lounge, por cima do histórico café central de Vila Franca. Um espaço cedido pela autarquia para desenvolver uma produção regular de cariz cultural. Desde jazz à música electrónica.
Uma companhia de teatro que foge ao estilo “bolorento”

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