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Inabalável Manuel Serra d’Aire

É lamentável e altamente castrador que a troca de correspondência entre políticos se tenha ficado pelas eleições para a distrital do PSD. Que pena tenho que Moita Flores, o homem que pôs tanta gente a escrever nos últimos tempos, não tenha assento no comité central do PCP para poder escrever uma carta à rebelde deputada comunista Luísa Mesquita. Certamente teria para lhe dizer das boas e iria suscitar resposta à letra muito mais profunda do que a transcendente questão do preço do quilo de arroz aventada pelo social-democrata João Moura.Agora imagina se Moita Flores fosse filiado no PS de Santarém e estivesse a viver por dentro o encenado regresso de José Miguel Noras à vida política local. Bom, meu caro, nesse caso acho que teria matéria para escrever um argumento do género do processo dos Távoras. Uma personagem que tem a capacidade de engolir elefantes vivos, como é o caso do ex-presidente da Câmara de Santarém que agora tem como aliados alguns dos que há seis anos lhe fizeram a folha, deve dar pano para mangas. Há ali muita matéria-prima para um bom romance. Intriga e traição não faltam. Só falta o sexo. E, claro, a violência. Mas essa, pelos vistos, anda mais pelas escolas. É o puto de 10 anos que bate em três professores. É o adolescente em crise existencial que se entretém a partir vidros da escola e trepa vedações. São os cachopos imberbes que se divertem a estourar bombas utilizadas nas batidas às raposas nos corredores. Por estas e outras sinto-me mais seguro na Cova da Moura do que perto de uma escola secundária. Quando vejo um puto de 11 anos a olhar para mim de esguelha mijo-me pelas pernas abaixo. Ao pé deles, o major Valentim Loureiro em campanha eleitoral é um ente seráfico, um anjo na terra. Hoje estou virado para questões transcendentais. Deu-me para isto. Julgo que muitos pais não medem bem a responsabilidade imensa quando chega a hora de escolher os nomes para os seus filhos. Digo isto numa altura em que nomes populares como Serafim, Aníbal, Horácio, Reinaldo, Franquelim ou Ernesto foram praticamente banidos dos Bilhetes de Identidade, trocados pelos Diogo, Ruben, Martim, Tiago e afins.É verdade que cada época tem as suas modas, mas há nomes e nomes. E quando se escolhe um nome para um filho não se pode pensar apenas no imediato, mas também no futuro da criatura. Por exemplo, a um pitbull bebé assentam bem nomes ternurentos como Snoopy, Bóbi ou Piloto. Mas, obviamente, quando a fera tiver dois ou três anos o nome estará mais que desajustado e pode ser objecto de escárnio, mesmo que à distância, por parte da vizinhança e motivo de graves traumas nos animais (dono e cão).Pois, meu caro, o mesmo se passa com as crianças. Em bebé o nome Ruben, por exemplo, é inofensivo. Eu diria mesmo que todos os bebés se deviam chamar Ruben ou Martim. Mas a partir dos 10 anos as coisas deviam mudar. Qualquer pai responsável deve ter presente que pode estar a criar um futuro primeiro-ministro, um potencial Presidente da República, um eventual ministro das Finanças. Estás a ver um tipo com essas responsabilidades chamado Ruben Daniel? Quem é que o leva a sério? O mesmo se pode dizer das mulheres. Portugal corre o risco a breve trecho de ter uma ministra da Cultura chamada Tânia ou Vanessa. Ou mesmo Tânia Vanessa. Ou Jessica, ou Cintia, ou Sheila. Que figura vamos nós fazer nas cimeiras da União Europeia, meu caro? Um abraço quebra-ossos do Serafim das Neves

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