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O homem que zela por quem atravessa a linha

O homem que zela por quem atravessa a linha

Jorge Crespo é segurança na estação de comboios de Vila Franca de Xira

A profissão não é a que sempre sonhou e espera que o seu único filho, ainda pequeno, tenha melhor sorte.

Em pequeno sonhava, tal como o resto dos amigos, ser jogador de futebol. A vida de Jorge Crespo, no entanto, seguiu outro caminho. Vários caminhos, na verdade. Antes de trabalhar como segurança da estação de caminhos-de-ferro de Vila Franca de Xira, desempenhou funções numa empresa de aluguer de automóveis no Aeroporto de Lisboa e chegou mesmo a ser carteiro.O emprego como segurança em Vila Franca de Xira surgiu há cerca de um ano, após o trágico incidente que vitimou uma adolescente na estação de comboios, levantando mais uma vez a polémica sobre a segurança daquele espaço. Enquanto as necessárias melhorias estruturais não chegam, Jorge Crespo é um dos dois seguranças que diariamente se certificam de que todos os utentes da estação passam de um lado para o outro da linha em segurança. Se o toque estridente da campainha que indica a chegada de um comboio não for suficiente para que as pessoas tomem as devidas precauções, lá está Jorge Crespo, sempre de vigília, de colete reflector para que seja bem notado, a indicar aos passageiros se podem ou não atravessar a linha naquele momento.Jorge Crespo, de 33 anos, vem todos os dias dos Olivais, em Lisboa, para Vila Franca de Xira. Trabalha por turnos, umas vezes entre as 07h00 e as 14h30 e outras entre as 14h30 e as 21h00. A profissão não é a que sempre sonhou e espera que o seu único filho, ainda pequeno, tenha melhor sorte. A profissão de segurança, como confidencia, nem sempre é a mais entusiasmante. No entanto, Jorge tem diariamente a companhia de várias pessoas, sobretudo idosos, que param para trocar dois dedos de conversa com o segurança. “Ao início foi mais complicado mas depois as pessoas habituaram-se a ver-me aqui todos os dias e agora até já fiz amizades”, conta.Se no princípio havia quem não ligasse aos conselhos do segurança, agora as coisas estão diferentes. “As pessoas prestam mais atenção”, segundo diz o próprio. “Toda a gente é livre de fazer o que entender, não damos ordens, a nossa função é prevenir”, explica. E essa função já livrou algumas pessoas mais distraídas de sustos maiores. “Sobretudo pessoas de mais idade”, revela Jorge, considerando que, apesar de também se distraírem, os jovens são mais atentos.Da cidade onde agora trabalha diz conhecer ainda pouco. “Passo os dias aqui na estação e às vezes, quando muito, vou até ao centro comercial”, diz. O pouco que conhece basta-lhe para afirmar que não trocava os Olivais por Vila Franca de Xira para viver. “Isto é muito diferente. Estou habituado a morar num bairro sossegado”, justifica.O sonho de ser futebolista ficou para trás e a profissão que Jorge Crespo mais gostou de exercer foi na empresa de rent-a-car no aeroporto de Lisboa. “Era muito bom, tínhamos cursos e tudo”, recorda o segurança, que fala quatro idiomas diferentes e que via nessa profissão uma forma de desenvolver essas competências. O destino acabou por trazê-lo para Vila Franca de Xira, com uma missão bem diferente: a de prevenir que acidentes como o que em tirou a vida à jovem Marta Russo, de 15 anos, no ano passado.“Jorge tem diariamente a companhia de várias pessoas, sobretudo idosos, que param para trocar dois dedos de conversa com o segurança. ‘Ao início foi mais complicado mas depois as pessoas habituaram-se a ver-me aqui todos os dias e agora até já fiz amizades’, conta”
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