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José Miguel Noras não pratica em Lamego o que defende em Santarém

Líder da concelhia socialista acusado de colagem ao PSD enquanto vereador

O dirigente socialista em Santarém não tem a confiança política da concelhia de Lamego do PS há mais de um ano, mas não renuncia ao cargo de vereador evitando que entre para a vereação um elemento afecto à estrutura local do partido.

No Verão de 2001, o socialista José Miguel Noras recusou liderar uma candidatura independente à Câmara de Santarém, de que era ainda presidente, em nome da fidelidade partidária. Mais de seis anos passados, o agora presidente da concelhia do PS de Santarém ocupa o cargo de vereador na Câmara de Lamego, eleito pelo seu partido de sempre, em litígio com a concelhia socialista local que lhe retirou a confiança política há mais de um ano. Tal como aconteceu com os outros dois vereadores socialistas.Miguel Noras é acusado pela presidente do PS/Lamego, Marisabel Moutela, de colagem à coligação PSD/CDS que governa aquele município, quando em Santarém o dirigente político é um crítico da maioria PSD que gere a câmara e perfila-se como possível candidato às próximas eleições autárquicas. A retirada de confiança política a José Miguel Noras - que foi presidente da Câmara de Santarém durante dez anos, até Janeiro de 2002 - foi decidida em Janeiro de 2007 e sufragada em assembleia de militantes do PS/Lamego a 2 de Fevereiro de 2007. Desde essa altura Noras tem-se recusado a renunciar ao mandato, apesar de este ano ter faltado a quase todas as reuniões do executivo municipal de Lamego. Do início do ano até 11 de Março só esteve presente numa sessão camarária (29 de Janeiro) das sete que se realizaram. Com esta atitude impede que a concelhia do PS recupere a sua estratégia política na autarquia. É que o elemento que se segue na lista para ocupar o seu lugar é o presidente da JS Lamego e membro da comissão politica concelhia. Além de não renunciar, Noras ainda por cima “não admite ser substituído” nas reuniões a que falta, acusa Marisabel Moutela, que perante este cenário diz que o PS deixou de ter representatividade na autarquia. O visado defende a manutenção no cargo como uma necessidade de “representar os eleitores e o partido”, realçando que não é seu hábito deixar os mandatos a meio. A líder dos socialistas de Lamego recorda que foi ele que arrastou os outros dois vereadores do PS para esta situação, porque até à sua entrada para o cargo estes estavam em sintonia com a estrutura local do partido.Sem confiança política, Miguel Noras é considerado como vereador independente, apesar de continuar a apresentar-se como eleito do PS. Uma contradição com o que defendeu antes das eleições autárquicas em 2001, quando recusou liderar uma candidatura independente à Câmara de Santarém por, disse na altura, os interesses do partido estarem em primeiro lugar. Em declarações ao jornal Lamego Hoje, em 27 de Janeiro de 2007, o político de Santarém realçou que ia “colocar os interesses de Lamego e das 24 freguesias acima de qualquer exigência ou lógica político-partidária”. Questionado sobre estas incongruências, Noras (que é também secretário-geral da Associação de Municípios com Centro Históricos, com sede em Lamego), não dá grandes explicações, dizendo apenas que defende “princípios autárquicos”. E acrescenta que em Lamego ajuda a “tomar as melhores decisões” e em Santarém defende “uma mudança” e está empenhado em arranjar uma alternativa para o concelho gerido pelo PSD. E é por estar a dedicar-se mais ao concelho escalabitano que, justifica, tem faltado às reuniões camarárias em Lamego. Os problemas em Lamego começaram quando Noras e os outros dois vereadores socialistas votaram favoravelmente o Orçamento e as Grandes Opções do Plano da câmara para 2007. Uma posição ao arrepio da estratégia do PS/Lamego, que não apoiava os documentos e que veio dizer que a posição dos vereadores punham em causa o programa eleitoral do PS. Na altura os autarcas em causa justificaram o seu sentido de voto com o facto do presidente da Câmara de Lamego, Francisco Soares, ter introduzido nos documentos propostas suas.As divergências acentuaram-se quando os três eleitos nas listas do PS se abstiveram na votação do aumento das tarifas da água. Mais recentemente, recorda a presidente do PS/Lamego, “José Miguel Noras não cuidou sequer de contrariar o texto introdutório subscrito pelo presidente da Câmara de Lamego, que lidera a coligação PSD/CDS-PP, inserto no Plano de Actividades (do município) para 2008, que tece críticas ao Governo acusando-o de ingerência na gestão autárquica”. Quando questionado sobre todos estes episódios, José Miguel Noras limitou-se a dizer que as divergências com o PS de Lamego, que se mantêm, já “são sopa retardada”.

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