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Septuagenário responde por atropelamento mortal de primo

Zaragata por causa de terrenos origina tragédia na Glória do Ribatejo

O drama chocou a aldeia onde vivem dezenas de familiares da vítima e do arguido. As divergências eram antigas, mas ninguém pensou neste desfecho.

Uma discussão entre dois primos por causa das delimitações de terrenos acabou em tragédia. Um homem de 48 anos foi atropelado mortalmente em Glória do Ribatejo, concelho de Salvaterra de Magos, na manhã de 19 de Março de 2007. O condutor, Manuel Peixe Caneira, conhecido por Manuel “Jarrinho”, 70 anos, está a ser julgado no Tribunal de Benavente, mas não compareceu na primeira sessão realizada na quinta-feira por razões de saúde. O MIRANTE apurou que o arguido está a viver com um filho na aldeia da Glória do Ribatejo, mas tem os movimentos controlados por uma pulseira electrónica.“Ele não veio porque tem vergonha do que fez. Não tem coragem de enfrentar o povo”, comentou um dos moradores da Glória que acompanhou o julgamento na quinta-feira, 27 de Março.Familiares e amigos da vítima, Filipe Caneira, conhecido por “Calça”, encheram a sala de audiências e ouviram os testemunhos dos agentes da GNR de Marinhais que tomaram conta da ocorrência. Segundo os militares, Manuel Peixe Caneira dirigiu-se ao posto com uma mão a sangrar para apresentar queixa contra o agressor e pedir que a GNR averiguasse o que se passava com o homem a quem tinha atropelado com a sua carrinha. Os guardas deslocaram-se ao local, próximo do entroncamento da estrada da Marateca com a estrada municipal que liga Glória do Ribatejo a Muge, onde encontraram o cadáver de Filipe Calça no interior de um saco. Tinha sido colocado pelos bombeiros depois de confirmado o óbito pelo médico da Viatura Médica de Emergência e Reanimação. A bicicleta estava danificada a uns metros do corpo.Segundo as explicações dadas pelo condutor, o atropelamento aconteceu depois de ambos se terem envolvido numa zaragata. Filipe Caneira terá atingido o primo com um golpe de navalha numa mão. Posteriormente Filipe pôs-se ao caminho de bicicleta por uma estrada perto das propriedades de ambos. Manuel Peixe Caneira seguiu na sua carrinha e foi ao encontro do seu primo tendo-o atropelado com a viatura. Já com o familiar inanimado no chão, o homicida dirigiu-se a Marinhais e entregou-se no posto local da GNR. Segundo familiares e amigos de ambos, “os desentendimentos entre os dois, com uma história de mais de 30 anos, nunca passaram de insultos e que nada faria prever o desfecho fatídico”.A tragédia deu-se a 300 metros dos terrenos da discórdia e chocou a população da aldeia onde a família Caneira é uma das mais numerosas. O falecido era solteiro, não tem filhos e já tinha perdido os pais. Os irmãos constituíram-se assistentes e reclamam justiça e o pagamento de uma indemnização pelos danos causados.O julgamento vai continuar no dia 23 de Abril e o colectivo de juízes notificou o arguido para estar presente. O advogado de defesa alegou que Manuel Caneira está doente e, provavelmente, não terá condições para se deslocar ao tribunal. A ausência do arguido não é impeditiva da continuidade do julgamento.

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