Carla Monteiro Costa
39 anos, talhante, Almeirim
“É moda dizer-se que se faz dieta, mas na verdade as pessoas inibem-se de gastar dinheiro numa boa alimentação porque a vida não está fácil”
O comércio tradicional está condenado?Cada vez mais as pessoas preferem as grandes superfícies. Elas até sabem que no comércio tradicional é onde estão os produtos de qualidade, mas hoje olha-se mais ao preço e procura-se o que é mais barato. Sente que as pessoas cortam cada vez mais nos bens alimentares?É notório que as pessoas hoje comem pior para poupar. Costumam dizer que estão a fazer dieta. É moda dizer-se que se faz dieta, mas na verdade as pessoas inibem-se de gastar dinheiro numa boa alimentação porque a vida não está fácil.O que é que os enchidos tradicionais de Almeirim têm de especial?Gosto muito dos enchidos de Almeirim porque são os melhores. São feitos pelo método tradicional ainda com fumeiros a lenha, que praticamente não se utilizam na maioria dos enchidos. Não têm conservantes. São diferentes de todos os outros que existem no país, são saborosos e feitos com muita qualidade. O que é que gostava de ver nos canais de televisão portuguesa?Mais documentários a horas decentes. É como a biblioteca municipal que está fechada no horário em que as pessoas que estão empregadas podem lá ir. Cada vez mais vejo menos os canais portugueses e como tenho televisão por cabo sempre posso ver outros canais. Porque é que as pessoas hoje têm menos tempo para fazer o que precisam?Cada vez há mais pessoas para fazer. Também é certo que existem máquinas para nos poupar trabalho, mas é sempre preciso alguém para carregar no botão. Hoje há pessoas que são obrigadas a ter dois empregos e o tempo não estica para fazer outras coisas. Hoje queremos fazer mais coisas, quando antigamente as pessoas se acomodavam mais, também porque tinham menos bens, menos roupas, menos necessidades. O que é que mais aprecia numa praia?Gosto muito de praia e o que mais aprecio é a paisagem, a temperatura e qualidade da água. Depois também é importante a limpeza da praia e as condições do mar, porque quando vou para a praia não é para morrer afogada (risos). Escolho sempre praias vigiadas. Já começou a pensar na reforma?Não posso pensar na reforma senão fico mal disposta e doente. Quando chegar à altura de me reformar, se a Segurança Social ainda tiver dinheiro já terei tempo para pensar, porque nessa altura o que irão pagar deve continuar a ser uma miséria e portanto não posso sair de casa. Alguma vez foi ao psicólogo?Fui ao psicólogo quando tinha uns 16 anos. Foi a minha mãe que me levou porque achava que eu era muito agressiva. Ele disse que era próprio da idade e que a minha mãe é que precisava de uma consulta (risos). No entanto é uma área que não é muito valorizada pelas populações com o estigma de que os outros vão pensar que estão doidos.
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