Edição de 2008.08.21 1ª página Especial Pão, Vinho e Companhia “Um munícipe que encontrou a mulher ...
“Um munícipe que encontrou a mulher com outro foi pedir-me para intervir”
Uma entrevista em que demos folga política ao presidente porque a festa está à porta
Não é escravo do telemóvel, engole elefantes diariamente, nunca jogou petanca e a melhor maneira que tem de ocupar os tempos livres é…não fazer nada. José Sousa Gomes, presidente da Câmara Municipal de Almeirim considera-se um optimista, sabe que quando abandonar o cargo deixa de ter as dezenas de amigos que tem agora e se pudesse escolher uma artista para cantar no Pão, Vinho&Companhia, sem constrangimentos orçamentais, optava por Mariza.
Se não fosse presidente e lhe perguntassem quem é que a câmara deveria contratar para cantar na festa, quem escolhia?Mesmo como cidadão a festa que eu gostaria de ter era uma festa que satisfizesse as pessoas do concelho mas que trouxesse muita gente a Almeirim.É difícil despir a pele de autarca, já percebi. Mas faça um esforço. Quem era a artista que gostaria de ver este ano?A câmara não está, nesta altura, em condições de contratar quem eu gostaria de ver. Há mais onde gastar o dinheiro. Mas seria a Mariza, por exemplo. Quando era jovem gostava de ir a festas?Gostava. Eram festas diferentes. Bailaricos, principalmente. No Carnaval. Na passagem de ano. Passava algumas noites em claro. Estudei em Lisboa, nos Pupilos do Exército, mas quando vinha passar os fins-de-semana ou estava de férias, gostava de sair com os amigos e ir a festas.Os presidentes de câmara são solicitados para mil e uma coisas. Algumas que não têm nada a ver com as suas funções. Qual foi o pedido mais bizarro que já lhe fizeram?Um dos pedidos mais bizarros foi-me feito logo no início de eu ter vindo para a câmara. Foi um indivíduo que me veio pedir para intervir por ter apanhado a mulher com outro homem em casa. Como a casa era num bairro social da autarquia ele entendia que o presidente devia intervir. O que mais detesta? A ingratidão. Principalmente a ingratidão de quem não tem razão para ser ingrato. Apetece-lhe muitas vezes deixar a institucionalidade do cargo de lado e dizer duas ou três coisas daquelas que nem o Diabo gosta de ouvir?Quantas vezes. Mas tenho que respeitar o cargo para que fui eleito. Engolir elefantes é algo que faz parte do meu dia-a-dia. Arrepende-se muitas vezes?Não me arrependo muitas vezes porque gosto de pensar bem antes de decidir. Principalmente em relação a coisas importantes para o concelho. E gosto de ouvir opiniões de outros, mesmo informalmente.Nem sequer se arrepende de ter lutado para que a taxa de alcoolemia para os condutores não baixasse, mesmo quando assiste a acidentes provocados por excesso de álcool?Não estou arrependido. A taxa em vigor, se for respeitada, é suficiente para prevenir acidentes por excesso de álcool.Com quantos amigos vai ficar quando deixar de ser presidente da câmara?Aqui há tempos o meu amigo José Ganhão, presidente da Câmara de Benavente, reflectindo sobre esse assunto dizia-me. “Eu agora, quando saio da câmara, como uma tapa e bebo um copo com três ou quatro amigos que são aqueles que vão continuar meus amigos quando eu deixar de ser presidente, porque os outros vão todos bater asas”.Quantos amigos tem para comer a tapa e beber o copo?Dois ou três. Não tenho muitos. Alguma vez teve a tentação de escrever um livro?Não. Nunca fui grande amigo de escrever. Mesmo quando tenho que fazer alguma intervenção sou muito sintético. Um livro está fora de questão.O concelho de Almeirim criou condições para a prática de um jogo tradicional chamado petanca. Costuma jogar?Já fui desafiado mas nunca joguei.O que faz nos tempos livres?Procuro não fazer nada. O que é não fazer nada?Ver desporto na televisão. Ler jornais. Essas coisas.Qual a sua relação com os animais?Gosto muito de animais. Agora tenho um gato. Já tive vários. Também já tive um cão que morreu de velho. Foi um desgosto.Gosta de animais e gere um concelho onde a tauromaquia tem um grande peso. Como convive com isso?O touro merece o nosso respeito mas é um animal bravo. Isso leva-nos a aceitar a sua participação num espectáculo como a tourada. Mas compreendo os movimentos de defesa dos animais e nomeadamente aqueles que contestam as touradas.Há alguma coisa que lhe roube o sono?Questões pessoais não. Mas acontece-me ter problemas em dormir por causa de alguns problemas do concelho.Costuma falar consigo próprio?Frequentemente. É indispensável confrontarmo-nos regularmente connosco próprios. E saudável. Aproveito muitas vezes quando dou passeios a pé para essas reflexões.O respeitinho é muito bonito?O respeitinho, entendido como uma postura subserviente, não. O respeito, sim.Alguma vez teve que esperar horas por uma consulta no Centro de Saúde de Almeirim?Normalmente não vou ao centro de saúde, vou a uma clínica particular. Mas isso não prejudica o meu empenhamento na resolução dos problemas de saúde no concelho. Oiço as pessoas e dialogo frequentemente com a ARS e com a directora do centro de saúde para procurar melhorar a assistência às populações. Para termos conhecimento das coisas não temos forçosamente de as viver.Que idade sente que tem?De um modo geral sinto que tenho menos meia dúzia de anos do que aqueles que realmente tenho. É optimista?Sou optimista por natureza mas não sou irresponsável.Como escapa à tirania do telemóvel?Com alguma facilidade. A minha vida não é comandada pelo telemóvel.
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