O técnico de telecomunicações que ainda pensou ser oficial de justiça
António Rafael seguiu as pisadas do pai que foi Guarda-Fios nos CTT
António Rafael é técnico especialista de nível III da Portugal Telecom (PT), em Santarém, e integra o piquete que está pronto a prestar assistência técnica a clientes. Entrou para a empresa pública em 1989 e realizou estágio no centro de formação de Coimbra. Após ano e meio em Torres Novas, transitou para Santarém em 1992.
Natural de Alcanede, António Rafael foi para Santarém com três anos de idade. Depois de casar passou a morar na Portela das Padeiras. Tem como formação o curso técnico-profissional de electricidade pelo Centro de Formação Profissional da Amadora. Os exames psicotécnicos indicaram-lhe o caminho profissional. O pai já fora funcionário da PT quando a empresa estava integrada nos CTT. Era Guarda-Fios em Amiais de Baixo.A tendência para uma profissão técnica vinha de muito antes. Na escola tinha especial predilecção por electrotecnia e dactilografia. Estudou na Escola Ginestal Machado, em Santarém. Apesar da opção pela PT António Rafael pensou seriamente em ser oficial de justiça. E chegou a fazer estágio no Tribunal do Trabalho de Santarém. “Chamaram-me para trabalhar no Tribunal de Rio Maior mas pensei que ia estar muito tempo fechado dentro de um escritório e que na PT ia ter mais liberdade”, diz o técnico, lembrando a máxima popular “galinha do campo não quer capoeira”.Actualmente o seu trabalho passa por dar assistência técnica no âmbito do MEO, o pack tecnológico disponibilizado pela empresa que acumula televisão, Internet e telefone. No seu trabalho diário viaja por várias zonas da região. Santarém, Rio Maior, Alcanede, Pernes, Alpiarça, Coruche, Couço e Monte da Barca. Mas também por Avis, Ponte de Sôr e Montargil.António Rafael começou por trabalhar com extensões analógicas. O primeiro trabalho de vulto, já lá vão quase duas décadas, foi a instalação de uma central de 60 telefones para uma povoação.O sector das tecnologias das comunicações está em constante evolução e o técnico atravessou o período do fim do analógico e a entrada na era digital. Começou a trabalhar na transmissão de dados, de circuitos de ligação entre entidades como bancos e empresas, que substituíram os habituais telex.Chegou a era dos telemóveis e António Rafael adaptou-se aos tempos do processamento de dados das centrais para as antenas de telecomunicações. ”Há que progredir. Ao longo de todos estes anos já devo ter participado em mais de 30 acções de formação de diversos conteúdos”, refere. O ADSL foi uma grande novidade para os utilizadores de Internet. “Chegavam a pagar 60 e 70 contos por mês por volta de 2001. Nessa altura já havia alguns “experts” que sabiam mais do que nós técnicos”, lembra.Como técnico do piquete António Rafael tem de estar preparado para enfrentar todo o tipo de situações. Como chegar ao local do problema não fazer a mínima ideia do que se passa. Como em 1991, quando a RTP lançou o primeiro concurso em que participavam espectadores por telefone houve um entupimento do sistema, com problemas na central do Cartaxo. “Fomos lá e não dávamos com aquilo mas acabou por se resolver”.Noutras ocasiões é preciso ter a paciência necessária e compreensão com os clientes da empresa. “Um cliente que já tinha reclamado à administração por não ter internet há algum tempo. Quando liguei para saber onde era a casa a esposa começou a criticar o estado de coisas. Quando lá cheguei foi a vez do marido aumentar o tom azedo. A situação resolveu-se e, no final, ele acabou por me dar os parabéns”, conta o técnico. Para salientar que em grande parte das situações vale a pena sair com o sentido do dever cumprido.António Rafael atingiu um patamar médio de carreira, a partir do qual não é fácil progredir rapidamente. Por isso diz que irá continuar a resolver as situações que vão surgindo no dia a dia e actualizar-se com as novas tecnologias. E para quem delas faz um uso intensivo, principalmente da Internet, o técnico deixa um conselho. “A relação preço-qualidade de um serviço tem muita importância, mas é a assistência que pode fazer a diferença”.
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