A esmagadora maioria dos educadores de infância são mulheres. A situação é particularmente dolorosa para quem escolheu educar como profissão e vê as expectativas goradas pela sua condição de homem. Como é o caso do educador de infância que no ano passado se queixou de ter sido rejeitado em várias creches de Santarém por ser do sexo masculino. Quatro das 20 instituições que contactou, e que se encontravam a formar equipa, manifestaram declaradamente a intenção de não contratar homens, como O MIRANTE noticiou em Julho de 2007. Nunca chegou a passar das entrevistas. “Numa das instituições chegaram a dizer a um colega meu que o aceitariam se se apresentasse como professor”, revelou. A discriminação do educador – habituado a cuidar dos bebés da família - começou ainda entre os muros da escola. Durante o estágio na valência de creche. O aluno regressou à faculdade sem ter mudado uma única fralda em contexto de estágio no berçário. O educador chegou a enviar uma exposição à Assembleia da República.A preocupação de tentar garantir o lugar de homens nas instituições está espelhada no próprio estudo do Ministério da Educação que defende a necessidade de “criar formas de atrair educadores do sexo masculino ao trabalho com as primeiras idades”. Mas a utopia ainda vai longe. Apenas em duas escolas da região é possível frequentar o curso de educador de infância. Da Escola Superior de Torres Novas nenhum homem saiu formado nos últimos oito anos. Um dos poucos que integrou uma das turmas, sem terminar a formação, chegou a trabalhar num café. A Escola Superior de Educação de Santarém, que tem o curso desde 1989, formou apenas cinco homens na área. As turmas rondam normalmente os 25 a 30 alunos e são esmagadoramente femininas. “Não chegavam a anular a matrícula deixavam simplesmente de aparecer”, revelou uma funcionária dos serviços académicos da Escola Superior de Educação de Santarém.