A culpa não é da crise

Crise… crise… crise…! Não se fala noutra coisa a todos os níveis, locais, regionais, nacionais e internacionais. O desporto sofre com isso. No distrito de Santarém são muitos os clubes, principalmente dedicados ao futebol, que estão moribundos. Os dirigentes, incapazes de assumirem os seus erros de gestão, desculpam-se com a crise. Sempre a crise. Mas a crise não desculpa tudo. Não foi a crise que levou a União de Santarém para o buraco. Não foi a crise que acabou com o Grupo Desportivo O Coruchense. Não foi a crise que deixou o União Desportiva de Chamusca à beira do fim. Não foi a crise que arrumou o Abrantes Futebol Clube. Enfim não se pode culpar a crise de tudo o que de mau se passa no desporto regional.Durante anos, sem fiscalização, os dirigentes dirigiram os clubes com uma contabilidade de algibeira, esqueceram-se que era preciso contabilizar despesas e receitas, viveram muito acima das suas possibilidades. Em muitos casos a vaidade e orgulho ultrapassou todas as marcas. Mesmo quando a fiscalização chegou aos clubes e começou a agir exigindo milhares de euros em dívida ao Fisco e à Segurança Social, houve dirigentes que assobiaram para o lado e mantiveram os erros do passado, confiantes de que as câmaras municipais iriam tapar os seus erros. Isso, muito bem, não aconteceu.No horizonte perfilam-se mais clubes para fechar portas, ou pelo menos acabar com o desporto. E geralmente começam pela parte mais importante a formação. Formação para onde as autarquias ainda vão deixando escapar alguns fundos.Os dirigentes da maioria dos clubes tardaram em assimilar os avisos da crise. Há excepções. Também houve os que se organizaram, que se dedicaram mais à formação, que souberam pedir um esforço aos pais dos jovens. Que resolveram exigir uma pequena verba mensal para ajudar nas despesas e esses de algum modo têm passado incólumes pela crise.A carolice é importante, e há muita gente a trabalhar desinteressadamente, substituindo-se às entidades públicas, para que a juventude possa praticar desporto. Gente a quem é preciso dar valor. Mas também a quem se deve pedir responsabilidades, quando sabem que estão a agir mal e não arrepiam caminho.Chegou a altura de parar para repensar o futebol na região. Os dirigentes têm que saber dirigir e exigir apoios dos pais para a formação dos seus filhos. Os jogadores seniores têm que se mentalizar que o futebol regional foi chão que já deu uvas, e voltarem a jogar porque gostam e por amor à camisola. Porque de outra forma o abismo é já ali. E a culpa não é da crise!!! Fernando Vacas

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