Domingo. 14 de Setembro. Derrame de fuelóleo em Benavente. Uma fábrica de transformação de tomate acaba de deitar duas toneladas de combustível para a Vala Nova. É preciso ir ao local fazer reportagem. Bloco de notas, máquina fotográfica com câmara de vídeo incorporada e filha de quatro anos – que ainda não inventaram jardins-de-infância que funcionem ao fim-de-semana.Eu, a máquina de filmar com câmara incorporada e a Sofia passamos a barreira de segurança delimitada pelos bombeiros. Falta de consciência - disse um - quando viu uma mulher com a criança pela mão. De jornalista multimédia com bloco na mão e câmara a tiracolo passei a mãe irresponsável e curiosa que leva a criancinha quase até à beira rio. A estratégia funcionou. Criancinha avisada e bem agarrada à perna enquanto a mãe, de bloco e câmara fotográfica com máquina de filmar, capta imagem dos trabalhos de limpeza com manta absorvente, que é como quem diz uma forma de salvar os peixinhos do rio.O comandante operacional municipal, Miguel Cardia, percebeu a “operação familiar de emergência” ao contrário da senhora segunda comandante da Autoridade Nacional da Protecção Civil - ofuscada pelo barulho das luzes da câmara de uma televisão tradicional de âmbito nacional – que mais não viu senão uma mulher com uma criança pela mão. Quem ouvir com atenção o vídeo sobre o derrame percebe ao fundo uma voz de criança. De resto parecida com outras que ali bem perto, nos campos de arroz, também se ouviam quando nem tão pouco existiam jardins-de-infância a funcionar durante a semana. Quanto mais máquinas fotográficas com câmaras incorporadas.