Jovem engenheiro de Abrantes vive aventura profissional na Noruega

Mário Fernandes, de Mouriscas, Abrantes, diz que dificilmente voltará a viver em Portugal e recomenda o país aos portugueses. “Lá não falta emprego”.

A entrevista de emprego demorou pouco mais de 15 minutos e foi feita através de vídeo-conferência. O contrato foi redigido a milhares de quilómetros de distância e mandado por e-mail para a necessária assinatura. Foi assim que um jovem engenheiro mecânico de Mouriscas, Abrantes, iniciou a sua aventura profissional na Noruega. Há quatro meses a viver naquele país nórdico, Mário Rui Fernandes, de 28 anos, resume assim o resultado da sua experiência – “duvido que volte a viver em Portugal”.“Era impensável este procedimento em Portugal” diz o jovem que a 12 de Abril, um mês depois da entrevista à distância feita com Kjel Arild Gronas, patrão da empresa de engenharia e consultadoria Qmatec, viajou até Kristiansand, uma cidade a sul da Noruega, para trabalhar. Na vídeo-conferência o empresário preocupou-se menos com o currículo do entrevistado e mais com o seu perfil enquanto homem e os seus conhecimentos de inglês. Em menos de meia hora ficaram também definidas as condições de trabalho – três meses de contrato, ao fim dos quais seria integrado nos quadros da empresa. O que já aconteceu.A adaptação a uma nova cultura e estilo de vida só custou no primeiro mês. É difícil a um português assimilar que a pontualidade é uma forma de estar na vida, de ter apenas meia hora para almoço e de abolir o hábito de beber um cafezinho durante o horário de trabalho. Entra na empresa todos os dias às 8 da manhã e sai às 16 horas. A meia hora de almoço começa às 11h30 e a refeição nunca é de faca e garfo. “Come-se uma peça de fruta, uma sandes e umas bolachas com chocolate”. Horários completamente diferentes do que Mário Fernandes estava habituado e que lhe valeram a perda de 10 quilos desde Abril. “Mesmo assim sou um bucha ao lado deles”, refere a brincar.O exercício físico é imprescindível para os noruegueses. “As habitações têm grandes espaços verdes e há ciclovias que atravessam toda a cidade”. Mário Fernandes entrou na “onda”. Comprou uma bicicleta usada a um norueguês e faz um percurso de uma a duas horas diárias. Durante a semana não há o hábito de sair à noite e ir ao café. A visita aos pubs e discotecas, que também servem refeições ligeiras, está guardada para os fins-de-semana. “A vida de borga é cara”, admite o jovem engenheiro. No supermercado os produtos custam em média mais 20 por cento que em Portugal e às vezes é difícil perceber o conteúdo de um pacote escrito em norueguês, mas resolve-se a questão com umas perguntas aos empregados. “Na Noruega toda a gente fala inglês”. Ao contrário do que se diz, os noruegueses não são frios. São pessoas simpáticas, de fácil relacionamento apesar de salvaguardarem muito a sua vida privada, e não ligam às hierarquias. “O meu patrão trata-nos por tu e quer que façamos o mesmo com ele”, refere o engenheiro mecânico que desenha máquinas para a indústria petrolífera.O custo de vida acaba por ser menor que em Portugal, na relação entre o que se ganha e o que se gasta. O aluguer de um T1 custa ao engenheiro 500 euros mensais e inclui água e Internet ilimitada. A electricidade é paga à parte. O total dos gastos de Mário Fernandes (casa, alimentação, combustível e saídas à noite) ronda os mil euros por mês, nada de extraordinário para quem ganha 185 coroas à hora (são cerca de 3500 euros/mês, dos quais 30 por cento vão para impostos).A carga fiscal é pesada mas os noruegueses não se queixam. Os sistemas de saúde e segurança social são dos melhores da Europa, os transportes nunca se atrasam, a qualidade de vida é muito acima da média portuguesa. E a burocracia foi abolida. “Demorei cerca de duas horas para tratar do atestado de permanência, do cartão de identidade e do cartão de impostos” diz quem neste momento, em termos de direitos e deveres, é pleno cidadão norueguês.

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