Vivia rodeada de lixo com mais de cem animais

Uma mulher doente vivia há vários anos numa casa sem água, sem luz e no meio de mais de uma centena de animais. Um cenário de imundície em pleno centro do Cartaxo que obrigou à intervenção da câmara e da associação protectora de animais.

Os voluntários da Associação de Protecção dos Animais Abandonados do Cartaxo (APAAC) nem queriam acreditar no cenário que encontraram quando, no dia 2 de Janeiro, entraram numa residência, no centro da cidade, onde uma mulher e mais de cem animais sobreviviam no meio de uma imundície extrema.O caso foi detectado após a dona dos animais, uma senhora com 60 anos que vivia sozinha, ter entregue a chave da sua casa a elementos da associação, para que estes alimentassem os 43 cães, 34 gatos, 4 patos, 1 codorniz, 12 galinhas e 24 pombos. A senhora estava bastante doente e ia ser internada no hospital, o que a levou a pedir ajuda à associação. Assim que se aproximaram do portão da casa situada na rua Stael Machado, os voluntários da APAAC aperceberam-se de imediato do cheiro nauseabundo. Mas o pior foi quando entraram no pátio. Esperava-os um cenário que mais parecia uma lixeira, onde viviam 118 animais, para não falar de dezenas de ratazanas que se passeavam à vontade e se alimentavam da ração destinada aos restantes bichos.O presidente da APAAC, Veladimiro Elvas, conta que contactou de imediato a câmara e a delegação de saúde, que só no dia 19 de Janeiro emitiu o parecer necessário para que o caso fosse considerado de atentado à saúde pública e se pudesse entrar legalmente no quintal.No dia 21, elementos da APAAC e funcionários da câmara começaram a retirar os animais, alguns deles doentes e que mal se conseguiam mexer, pois viviam há anos em minúsculas gaiolas de pombos. Outros tiveram de ser recolhidos de forma mais abrupta, à laçada, já que reagiam de forma violenta.A associação chegou a colocar produtos anestesiantes na alimentação dos animais para que a sua captura fosse mais fácil. Mas estes acabaram por se esconder atordoados debaixo do lixo, sendo recuperados com mordidelas de ratazanas que se aproveitaram da sua sonolência para os atacar.A recolha continuou no dia 24 e, segundo Veladimiro Elvas, foram retirados quatro tractores de lixo do pátio e do interior da habitação. Entretanto, a Câmara do Cartaxo instalou água e luz na habitação, de forma a melhorar as condições de vida da sexagenária, que sempre se recusou a sair de casa.O presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas, afirmou que o caso já era conhecido dos serviços de acção social da autarquia há bastante tempo, mas não havia a noção que a situação de precariedade se agudizara. Também a APAAC, que ajudava a senhora com ração para os animais, nunca se apercebeu do estado em que os animais se encontravam pois os elementos da associação nunca passavam do portão. Veladimiro Elvas diz que os animais, apesar de tudo, estavam bem alimentados, e que a senhora era uma frequentadora assídua das comemorações do Dia do Animal, que a associação promove todos os anos.Os animais recolhidos foram colocados num terreno vedado ao lado do canil da APAAC, que não tinha condições para acolher tantos bichos. Ali ficarão até irem para o canil ou serem adoptados.

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