Entra no salão do Grémio Dramático Povoense de sorriso e Nikon ao peito
Entra no salão do Grémio Dramático Povoense de sorriso e Nikon ao peito. Um sinal - com a arte de quem já leva décadas de profissão - e está feita a melhor imagem da noite. É uma fotografia à moda antiga. Com rolo lá dentro. E paixão. Alberto Saraiva, 75 anos, um dos inquilinos do Centro Comercial Sol Tejo, vizinho do velho grémio da Póvoa de Santa Iria, chegou em 1976 à cidade onde não havia fotógrafo. Instalou-se numa loja no primeiro centro comercial e ali começou o negócio. Depois de pagar 200 contos. Ou 185. Porque o proprietário perdoou-lhe a última prestação. Desde aí que se divide entre a Póvoa e Cascais, onde reside. Chega às nove da manhã à loja que fica a poucos metros do comboio. Às vezes mais tarde porque é preciso parar em Lisboa para revelar fotografias. O tempo é de crise, os clientes quase nenhuns e há pouco com o que investir em equipamento. Por volta das 19h00 regressa a casa onde o espera a bem amada de há mais de 50 anos. Mãe dos quatro filhos ainda nascidos em Angola. A pátria que Alberto deixou em 1974 convencido de que seguiria para o Brasil. “Costumo dizer que fui enganado”, diz com humor. Acabou hospedado no Hotel Roma, em Lisboa. Depois em Linda-a-Velha. Até que chegou ao porto de sua casa. Há alguns anos os amigos pregaram-se uma partida que tem afixada na montra. “Não tire as suas fotografias com raiva. Vá ao Studio Saraiva”. Basta olhar para o dono do estabelecimento para perceber que é verdade. Ana Santiago
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