Presidente da Câmara de Benavente defende união do movimento associativo
Regulamento municipal de apoio às associações está em fase de discussão pública
António Ganhão é frontalmente contra a profissionalização das associações ou o envolvimento das câmaras na sua gestão.
O aparecimento de novas colectividades e associações é saudável, mas deve ser controlado para evitar a dispersão dos meios e o acentuar da dificuldade de gestão dos espaços. Esta foi uma das conclusões do debate sobre o movimento associativo e o poder local que decorreu na noite de quarta-feira, 13 de Maio, no Salão Nobre da Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS) em Samora Correia. O exemplo da freguesia, que tem mais de duas dezenas de associações, algumas com as mesmas ofertas, foi o ponto de partida para o debate integrado na comemoração dos 88 anos da SFUS.O presidente da Câmara Municipal de Benavente defendeu que deve continuar a ser feito um esforço no sentido de unir o movimento associativo e evitar a dispersão de meios. António Ganhão considerou que o regulamento municipal de apoio ao movimento associativo, que está em fase de consulta pública, vai ajudar a clarificar algumas situações e será um bom instrumento de trabalho. “Há muitos anos que propusemos a fusão de algumas associações e o entendimento entre os dirigentes para evitar a duplicação de projectos numa determinada área, mas não foi possível”, referiu.O presidente da Confederação das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto considera que o aparecimento de novas associações é um factor positivo e aplaude a diversidade de ofertas. Augusto Flor, professor universitário que tem investigado na área do associativismo e tem uma experiência de mais de 40 anos como dirigente, considerou que fundir duas ou mais associações é um processo delicado. “Há sempre, pelo menos uma, senão mais, que perdem a sua identidade”, vincou.Em Portugal há 18 mil colectividades e mais de 267 mil dirigentes associativos dos quais apenas 0,18 por cento são remunerados. “A força do associativismo popular está no voluntariado”, disse. Uma ideia corroborada pelo presidente da câmara de Benavente que é frontalmente contra a profissionalização das associações ou o envolvimento das câmaras na sua gestão. “Devem manter este modelo e esta autonomia. São um factor de socialização decisivo na vida das comunidades”, realçou.A incompatibilidade entre a gestão autárquica e a vida associativa foi colocada por Pedro Pereira, um dos cerca de 30 participantes, no momento do debate. Hélio Justino, presidente da Junta de Freguesia de Samora Correia usou o seu exemplo de dirigente associativo há 15 anos para dizer que nunca sentiu que o facto de ser vereador, no mandato anterior, ou presidente de junta tenha criado algum embaraço. “A regra é o bom senso e tudo depende das pessoas e da sua maneira de estar”, disse.O presidente da Assembleia-Geral da SFUS, António Manuel Cardoso referiu que com este debate a colectividade recupera uma tradição das décadas de 1950 e 1960 e valorizou o facto de colocar dirigentes associativos, autarcas e populares a falar dos problemas do associativismo.O presidente da Confederação considera que “não há crise no movimento associativo” e relacionou a dificuldade de encontrar dirigentes com a ausência de regulação nas relações laborais que são mais frágeis e mais precárias que antes. “Se um de vós disser na empresa onde trabalha que precisa de meio-dia para tratar de assuntos da associação, alguns patrões mandam-vos ir trabalhar para a associação”, rematou. Augusto Flor defendeu a necessidade das associações se adaptarem às novas exigências em matéria fiscal para evitarem ser surpreendidas por um sistema que não diferencia as associações sem fins lucrativos das empresas.
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