uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Manuel Romão

Manuel Romão

51 anos, Psicólogo Clínico, Chamusca
Todas as crianças têm um sonho mas a minha escolha profissional veio muito mais tarde. Um conjunto de circunstâncias levou a que não fizesse os meus estudos no tempo habitual. Sempre fui trabalhador estudante. Interessava-me pela área da Psicologia e de Filosofia. Escolhi ser psicólogo clínico pelo fascínio que o estudo da psicologia, do comportamento humano e das relações tinha sobre mim. Temos que correr atrás dos nossos sonhos. Formei-me em Psicologia no Instituto Português de Psicologia Aplicada (ISPA) em Lisboa com 38 anos. Fiz todo o curso, com uma duração de cinco anos, à noite. Não havia tempo para a vida académica. Já era casado e tinha dois filhos pequenos quando comecei o meu curso. Foi um tempo muito duro. Tirei muito tempo à minha família, aos fins-de-semana, para estudar ou me preparar para os exames. Dormi poucas horas nesta época. Todos os dias ia da Chamusca, onde vivia e trabalhava, para Lisboa. Nunca tive, propriamente, o sonho de ser psicólogo. Fui uma criança absolutamente comum, que corria, brincava e jogava à bola. A psicologia em Portugal existe há pouco mais de 40 anos pelo que esta foi uma escolha posterior. Comecei a trabalhar cedo e sempre conciliei os estudos com o trabalho. Trabalhei, ainda muito jovem, num escritório e, posteriormente, numa farmácia. Isto antes de ser psicólogo. Fiz um estágio académico no Centro de Atendimento à Toxicodependência em Santarém onde hoje ainda trabalho. Trabalho de segunda a sexta-feira. Ao fim de semana gosto de descansar. É um ponto de honra. Eu exijo tempo para mim.Nasci e vivo na Chamusca. É a minha terra. Tem qualidade de vida embora precise urgentemente de maior desenvolvimento económico. Precisa de mais vida para que as pessoas não escolham outros sítios para viver. Quando venho da Chamusca para Santarém gosto muito de atravessar o campo. É um trajecto que me dá um enorme prazer porque acho belíssimo. Acompanho a própria evolução do campo. Costumo dizer que sou psicólogo até chegar ao portão da minha casa. Dali para dentro sou o marido e o pai. Sou alguém com gostos comuns e com uma profissão que também começa a ser comum. Ser psicólogo mudou a minha vida no sentido de que me dá um grande enriquecimento pessoal e também me faz estar mais atento às pessoas que eu gosto. Acho que actualmente há uma “democratização” na ida ao psicólogo. Nos meios de comunicação social ou nas novelas fala-se muito do psicólogo e, de certa forma, há uma maior abertura nesse sentido. Já se perdeu a ideia de que só os loucos vão ao psicólogo mas, por outro lado, corre-se o risco de levar ao psicólogo pessoas com comportamentos que nada têm de patológico. Fascina-me a grande diversidade do ser humano. De facto, somos todos diferentes. Sentimos as coisas de formas diferentes. Nunca pudemos olhar para alguém e dizer que aquela pessoa é previsível. Sou uma pessoa muito curiosa em relação ao que me rodeia. Gosto muito de ler e reler. Gosto muito de cinema e jardinagem. Gosto do cheiro da terra e do cheiro da relva acabada de cortar. Gosto da minha família e de estar com os meus amigos. Sou uma pessoa reservada. Simples. Gosto de rotinas calmas. Sou um homem obstinado. Acho que devemos correr e lutar pelos sonhos que temos. Devemos estar sempre à procura do nosso bem-estar. Elsa Ribeiro GonçalvesNasceu a 18 de Maio de 1958 na Chamusca, vila ribatejana de onde nunca saiu. Ser psicólogo foi uma escolha amadurecida. Tinha 32 anos quando começou o curso que fez à noite uma vez que trabalhava. Dá consultas em Santarém há 12 anos, na equipa de tratamento do Instituto de Droga e Toxicodependência. É casado e tem dois filhos, de 23 e 16 anos. Considera que é uma pessoa simples e tem como máxima de vida a ideia de que todos devemos correr atrás dos sonhos, tal como um dia também fez.
Manuel Romão

Mais Notícias

    A carregar...