PSD anula plano de pormenor para Campo Infante da Câmara
Moita Flores descarta projecto aprovado pelo último mandato de maioria socialista
O debate sobre o futuro do Campo Infante da Câmara dura há cerca de década e meia, desde que a Feira Nacional de Agricultura e a Feira do Ribatejo foram transferidas para o Centro Nacional de Exposições.
A maioria PSD no executivo da Câmara de Santarém decidiu esta segunda-feira anular o plano de pormenor para a área envolvente ao Campo Infante da Câmara e o projecto de loteamento municipal para aquele espaço aprovados pela maioria socialista que governou a autarquia no mandato 2001-2005. O presidente da Câmara de Santarém, Francisco Moita Flores (PSD), justifica a decisão dizendo que a requalificação daquele espaço nobre e central da cidade, com cerca de oito hectares, é uma das prioridades para o actual mandato. A construção de um pavilhão multiusos e uma zona de lazer com bares e discotecas que ajudem a dar vida nocturna à cidade são alguns dos objectivos avançados pelo autarca.O processo volta mais uma vez à estaca zero, depois de década e meia de discussão e de promessas políticas acerca do futuro daquele espaço onde está situada a Casa do Campino, entre outros equipamentos. O actual executivo propõe-se elaborar “um plano de pormenor moderno e actualizado, de acordo com as expectativas que Santarém deve ter para o século XXI”, como referiu Moita Flores.O projecto aprovado pelo executivo liderado pelo socialista Rui Barreiro previa ali a implantação de vários equipamentos públicos, como uma biblioteca e um arquivo municipais, uma casa das artes e um centro de acolhimento ao turista. Antevia também a construção de um hotel, uma ampla zona verde e espaços lúdicos e de lazer, além de um parque de estacionamento subterrâneo. “Esse plano de pormenor é anulado por uma simples razão: este executivo vai mexer finalmente no Campo Infante da Câmara. Não queremos que continue ali aquele martírio e aquela ignomínia para a cidade”, afirmou Moita Flores durante a discussão, sublinhando que essa intervenção faz parte do seu compromisso eleitoral.O vereador do PS António Carmo, que votou contra a anulação do plano de pormenor, questionou quanto vai custar essa decisão – não obtendo resposta nesse capítulo – e manifestou preocupação que nos planos da actual maioria esteja a massificação de construção naquela zona.Moita Flores disse que uma das suas preocupações é afastar o betão de Santarém, “porque betão a mais tem isto”. E refutou que o processo tenha voltado ao princípio, pois praticamente nunca teve andamento.A discussão em torno do futuro do Campo Infante da Câmara dura há cerca de década e meia, desde que a Feira Nacional de Agricultura e a Feira do Ribatejo foram transferidas para o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA). No espaço ainda existem vários imóveis concebidos para a feira e outros já ruíram ou foram demolidos. Na década de 90, a Assembleia Municipal de Santarém chegou a realizar uma sessão extraordinária sobre o assunto, era o socialista José Niza presidente desse órgão autárquico, mas nada resultou de concreto. O espaço recebeu no ano passado algumas obras para acolher a parada do 10 de Junho, tendo sido asfaltada grande parte da superfície e sido demolidos alguns antigos pavilhões.Uma “associação de património moral” para Santarém A sociedade civil escalabitana está adormecida há muitos anos. As razões para o adormecimento devem-se à falta de regeneração da população e aos hábitos pouco frequentes de participação na vida da cidade e do concelho. Basta ver como funcionam as associações da terra que têm maiores responsabilidades associativas, com raras excepções, como é o caso, entre outros, da Académica, do Centro Cultural e Círculo Cultural.O caso da intervenção no Campo Infante da Câmara é o maior exemplo da inabilidade da política local e da falta de compromisso com os cidadãos que gostam desta terra e acreditam que é possível fazer de Santarém uma cidade de referência.Passaram-me muitos anos de governo onde pontificaram pessoas que apenas se serviram e nunca serviram a cidade. Rui Barreiro e Carlos Abreu são dois exemplos que não me canso de citar. O primeiro porque foi um delfim de Noras e aprendeu com ele só o que ele tinha de pior. Bater com a porta, despedir-se de vereador a meio dos mandatos, pedir batatinhas no Governo Civil para fazer oposição interna e depois, como corolário, ganhar o poder dentro do PS para mais tarde o deitar pelo Tejo abaixo. O segundo por razões ainda piores: foi sempre a barriga cheia desta gamela em que se transformou o poder socialista em Santarém.O anúncio do actual executivo ao mandar para o lixo o plano de Rui Barreiro para o Campo Infante da Câmara é a medida mais acertada da gestão de Moita Flores. Ficamos à espera que faça em quatro anos a diferença que Rui Barreiro e companhia não fizeram nos últimos 20. Santarém merece uma mobilização geral à volta de projectos e pessoas que acreditem na cidade e no seu futuro. Está na hora de alguém criar em Santarém uma força associativa diferente que dê origem à criação de uma associação de património moral. Com tantos associados como habitantes tem o concelho. JAE
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