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António Lopes 60 anos, empresário, Azambuja

“Emigrei porque o meu pai sentiu na pele a perseguição da PIDE por causa de uma greve que fez. Morávamos na Parede e o meu pai trabalhava no Estoril. Eu era miúdo. Se tivemos que emigrar por alguma razão foi. O 25 de Abril trouxe algo de bom ao país, mas claro que muita coisa foi mal feita e muita ficou por fazer”.

Abril tem um significado especial?Abril a mim não me diz muito porque não estava cá na altura. Era emigrante na Alemanha. Só regressei cinco anos depois da revolução em 1979. Posso dizer que emigrei porque o meu pai sentiu na pele a perseguição da PIDE por causa de uma greve que fez. Morávamos na Parede e o meu pai trabalhava no Estoril. Eu era miúdo. Se tivemos que emigrar por alguma razão foi. O 25 de Abril trouxe algo de bom ao país, mas claro que muita coisa foi mal feita e muita ficou por fazer. Se voltasse trinta anos atrás mudaria muita coisa na vida?Possivelmente. Mas falar destas coisas é sempre relativo. Há muita coisa que poderíamos ter feito melhor, com outro espírito, outra dinâmica. A vida deu-nos esta hipótese e foi esta hipótese que agarrámos. Que profissão gostaria de ter tido?Sempre estive ligado ao ramo automóvel. Foi assim que comecei. Sempre sonhei ter uma oficina completa, mas vim para Portugal e não realizei esse sonho. Ficou por cumprir. Se tivesse possibilidade o que mudaria em Azambuja?A mentalidade das pessoas, mas isso é impossível. Azambuja tem muitas condicionantes. É uma vila um bocado complicada principalmente para os da terra. Quando cheguei à Azambuja chamavam-me fascista e ainda hoje estou para saber porquê. Pratica algum desporto?Adoro desporto. Pratiquei futebol na juventude. Nos meus tempos livres vejo tudo e mais alguma coisa. Há uns anos praticávamos futebol de salão e tinha uma equipa da loja. Participávamos em todos os torneiros aqui à volta. Foi pena porque foi uma das coisas que morreu na Azambuja. Entretanto deixei de praticar. Sou apaixonado pela pesca. É um escape. Vou sempre que tenho um domingo livre. Antigamente ia atrás do Benfica agora vou à pesca (risos). E se tivesse a possibilidade de fazer uma viagem?Tenho duas viagens que gostava de fazer. Uma era a Angola. Sempre ouvi dizer maravilhas daquela terra. A outra era a Austrália. Quando estava na Alemanha estive quase para emigrar para lá. Sempre tive um fascínio por aquele país. Só não fui porque era muito longe e depois tornava-se complicado vir a Portugal. Perante a situação que o país vive hoje muitas pessoas terão que emigrar?Sim. A situação é real. Tanto os jovens como as pessoas de uma certa idade não têm outra solução que não emigrar. É o que se ouve todos os dias. Tem algum livro de cabeceira?Vou começar a ler “Maddie: a verdade da mentira” sobre a menina que foi raptada no Algarve. Ainda hoje estou intrigado sobre o que se passou. Há qualquer coisa mal contada nesta história.

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