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Produtores de vinho de Aveiras de Cima lamentam falta de apoios

Produtores de vinho de Aveiras de Cima lamentam falta de apoios

Vinho da região continua com pouca expressão no mercado nacional

Os produtores de vinho da freguesia de Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, lamentam a falta de apoios financeiros e logísticos que lhes permitam introduzir o seu produto nos mercados nacionais. As queixas surgiram à margem da “Ávinho”, a festa do vinho e das adegas.

Os agricultores e produtores de vinho da freguesia de Aveiras de Cima, concelho de Azambuja, não conseguem vender o seu produto nos mercados nacionais e lamentam a falta de apoios por parte das entidades oficiais.Além da falta de apoios financeiros, os agricultores queixam-se também da inexistência de uma estrutura colectiva que permita juntar todo o vinho da freguesia numa única marca. “Por exemplo, uma cooperativa mais moderna, com uma visão mais dinâmica dos mercados. Actualmente as autoridades competentes só se preocupam em preservar a memória da produção de vinho, fazendo museus, mas nunca querem dinamizar o que já existe e levar-nos para um patamar acima. Estamos condenados à extinção porque parecemos uma ilha exótica, cheia de beleza e aroma, mas estamos isolados, não chegamos a lado nenhum”, lamenta um dos produtores de vinho de Aveiras de Cima a O MIRANTE. As queixas surgiram à margem da realização da “Ávinho”, a festa do vinho e das adegas. Os produtores aproveitaram a visita do Governador Civil do distrito de Lisboa, António Galamba, para deixar alguns pedidos de ajuda. Actualmente existem milhares de litros de vinho nas adegas de Aveiras de Cima, mas poucos conseguem ser vendidos para outras regiões. Alguns produtores aproveitam a festa para vender aos visitantes, de forma ilegal, alguns garrafões da última colheita.“Falta-nos uma maior ajuda. Produzimos o vinho mas depois para o vender é muito complicado, não apenas para entrar no mercado como para o engarrafar. Eu produzo 7500 litros de vinho por ano. Acredito que com um bocadinho mais de apoio os produtores conseguiriam chegar aos mercados nacionais”, lamenta José Cunha, proprietário de uma das adegas. Opinião semelhante tem Manuel Joaquim, dono de outra adega de Aveiras de Cima. “Estamos muito mal. Os pequeninos estão cada vez mais pequenos”, lamenta. Para o governador civil, António Galamba, a resolução do problema começa com a criação de uma associação dos produtores. “Se há falta de apoio há necessidade de ponderar. Os agricultores têm os seus representantes e são eles que têm de dialogar com o ministério sobre esta matéria. Este é um sector com bastante peso em termos de identidade e tem de continuar a ser apoiado. Em Portugal temos um problema grave que tem a ver com a dispersão e com a falta de agrupamento de alguns sectores e as pessoas têm de se associar e criar condições para que possamos ganhar escala e afirmarmos no mercado interno e externo os nossos produtos”, afirmou a O MIRANTE.Opinião semelhante tem Joaquim Ramos, presidente da Câmara Municipal de Azambuja. “A câmara faz o que nos compete, que é promover a divulgação dos vinhos dos nosso concelho. Porém não são só as entidades oficiais que têm de os promover. Os agricultores têm de se organizar e tomar a iniciativa de evidenciar a qualidade dos seus produtos no mercado nacional”, defende.Menos vinho da terra nas adegas As adegas da freguesia tiveram este ano menos vinho, devido ao mau tempo que assolou os campos na última colheita. Em 2010 aumentou o número de agricultores a oferecer aos visitantes, durante a festa, vinho que não era de produção sua, como aconteceu a Manuel Joaquim. “O vinho que aqui dou é de um amigo, que mo deu para eu oferecer”, confessa a O MIRANTE. Outros produtores da festa também não tinham vinho próprio para dar a provar aos visitantes e um deles até disponibilizava vinho proveniente do Cartaxo. Uma excepção era Rafael Abreu, que garante não sentir dificuldades para vender todo o vinho que produz (perto de 100 pipas). A “Ávinho” é uma festa anual onde os visitantes adquirem uma caneca de dois euros e podem, com ela, entrar nas 15 adegas da freguesia e provar à discrição os vinhos que estas têm para oferecer, saboreando também os petiscos e a animação. Na festa deste ano os convidados musicais foram o vocalista dos Xutos e Pontapés, Tim, e o grupo OqueStrada. Na tarde de sábado, 17 de Abril, um desfile etnográfico mostrou à população e aos visitantes como era feita a antiga produção de vinho na freguesia. Nestes três dias de festa bebem-se perto de 2 500 litros de vinho.
Produtores de vinho de Aveiras de Cima lamentam falta de apoios

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