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Rão Kyao e as memórias de infância e juventude em Ourém

Rão Kyao e as memórias de infância e juventude em Ourém

Concerto do músico marca 155 anos da Sociedade Filarmónica Ouriense

Músico deslocou-se muitas vezes a Ourém, pois foi criado por uma senhora natural do concelho. Mantém o fascínio pela zona do Castelo e lembra-se de andar a provar o vinho nas tascas.

Num concerto intimista, que primeiro preencheu a Igreja de Nossa Senhora das Misericórdias e depois o salão dos Bombeiros Voluntários de Ourém, Rão Kyao ajudou a festejar os 155 anos da Sociedade Filarmónica Ouriense e revisitou uma terra onde passou momentos marcantes. O músico e compositor, conhecido pela execução em flauta de bambu e saxofone, possui ligações de infância a Ourém. Tendo ficado sem a mãe muito novo, foi criado por uma senhora natural da Carapita, freguesia de Nossa Senhora das Misericórdias. “Vim cá muitas vezes”, lembra. Ourém, hoje, está diferente, mas o músico continua a nutrir “uma grande simpatia pela zona do Castelo”. “Vinha para cá em miúdo, corríamos isto tudo e o Castelo está sem mudança”, reflecte. Um cenário natural, com uma vista extraordinária e uma arquitectura marcadamente portuguesa. “Lembro-me de andar a provar o tinto nas tascas”, comenta sorrindo. “Lembro-me de quando essa minha amiga se foi embora” de ir ao Castelo, ao cemitério, “e ficar estarrecido”. “Tudo isto aqui é uma beleza” e “está no meu coração”.Questionado sobre se a paisagem o inspira de alguma forma, refere que talvez “indirectamente”. “Não tenho nenhum tema chamado Castelo de Ourém, mas é uma ideia”. Conforme nota, “às vezes vou à janela e tenho uma emoção que sai num tema”. A última vez que havia actuado no concelho foi no final dos anos 80. Nesse sábado, 10 de Abril, encontrou um público diversificado, que lhe suscitou algumas dúvidas. “Havia muita gente ligada à música” e outras que não. A actuação procurou alcançar estes dois tipos de público, com temas do último álbum do músico e de carácter folclórico. “Depois a reacção foi muito boa e acabou por funcionar bem”.A mensagem que procurou passar foi de “parabéns à banda e às pessoas que dão continuidade a essa tradição antiga”, salienta. “Que as pessoas compreendam que a música é importante à vida” e que os mais novos ganhem apego à musicalidade, muitas vezes maltratada pelas influências estrangeiras, destaca.Um projecto com a Sociedade Filarmónica Ouriense não está nos seus planos, mas espera que tal venha a suceder mais tarde. Dia 18 de Junho voltará a terras oureanas, para um concerto a ter lugar no cine-teatro. “Comemorar com o Rão Kyao dá outra visibilidade”Para Sérgio Santos, presidente da Sociedade Filarmónica Ouriense, “comemorar os 155 anos com o Rão Kyao dá outra visibilidade” à instituição que dirige. “Precisamos de novos elementos e cativar os que estão”, uma vez que todos os anos se perdem executantes para as universidades. “Se uma vez por ano pudermos ter eventos deste calibre, seria óptimo”, nota.Nos últimos anos, refere, a banda tem evoluído, acompanhando os tempos, focalizando-se em procissão e concerto e fazendo cada vez menos peditórios. “O futuro passa por aí”, sublinha. Ao mesmo tempo, procuram ir variando as actividades, tocando no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, ou no Cine-Teatro de Ourém. “Gostava de participar em mais festivais de bandas”, refere.Os problemas passam pelas questões de sempre, como o financiamento ou o conseguir cativar mais elementos. A média das idades passa pelos 16 anos, existindo neste momento 55 elementos e 12 aprendizes. A instituição é ainda sócia da escola de música Ourearte, “um salto positivo para aumentar a qualidade da banda”, destaca. “Num universo de miúdos há sempre quem goste de aprender música e instrumentos de sopro”. “Nós temos é que estar presentes e dar-lhes essa oportunidade aos 8 ou 9 anos”, comenta. Cerca de 200 pessoas participaram no aniversário da Sociedade Filarmónica Ouriense. Um serão acompanhado com muitas palmas e vivas à instituição e à actuação de Rão Kyao.
Rão Kyao e as memórias de infância e juventude em Ourém

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