uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Memórias de um homem solitário

Vicente Batalha foi oficial do Exército e actor profissional, continua autarca e dirige o Instituto Bernardo Santareno

“Não foi para isto que se fez o 25 de Abril”, diz Vicente Batalha no início desta entrevista onde conta o seu percurso de vida, desde a infância em Pernes à actualidade como autarca e presidente do Instituto Bernardo Santareno. Pelo meio ficaram muitas vivências: a guerra colonial, o teatro profissional e o saneamento da carreira militar no 25 de Novembro de 1975, quando, como capitão, comandava interinamente o Regimento da Polícia Militar. Uma vida que só pode ser contada em muitos actos.João Calhaz

Que marcas perduram em si da revolução de 25 de Abril de 1974?Tenho um sentimento paradoxal: por um lado que foi noutra galáxia e, por outro, que está muito próxima e muito viva. Acho que a revolução não se cumpriu, não foi para isto que se fez o 25 de Abril. Lamento dizer isto. Tenho consciência que os caminhos eram outros, mas foram estes que a maioria do povo português escolheu. No entanto diz que sente a revolução muito viva.Porque acho que os ideais de Abril estão muito vivos e são mais necessários do que nunca.Se estão vivos por que não se cumprem esses ideais?Porque o 25 de Abril não foi uma varinha de condão que alterou mentalidades. Um processo de transformação de mentalidades é mais difícil, mais demorado, mais complexo. Leva muitas gerações. O 25 de Abril criou condições, mas não fez a transformação. Penso que nos estamos a afastar dos ideais de Abril. Só pelo fim da guerra colonial não valeu a pena a revolução?Valeu a pena. Acabar a guerra foi a consequência de um processo de transformação de mentalidades entre os militares, que disseram que não podíamos ser livres enquanto mantivéssemos uma guerra injusta, que não conduzia a nada, que não tinha solução militar. Que ia contra a liberdade dos povos africanos e contra a nossa própria liberdade. Esteve na Guiné e em Angola como oficial das tropas portuguesas. Tinha consciência que combatia povos que aspirava à auto-determinação?Sim. E tinha realmente um problema de consciência. Estive com o meu irmão ao mesmo tempo na Guiné. Ele era muito mais rebelde que eu. Na Guiné teve contactos com o outro lado. Veio preso para cá no fim da comissão. Tinha contactos com o Partido Comunista em França, deu o seu passaporte para a luta e tinha uma posição mais avançada que a minha. Eu entendia que tinha uma missão. Estava com dezenas de jovens da mesma idade e passei a ser responsável pela vida deles. Ali havia uma luta pela sobrevivência. Era matar ou morrer?Sim. Felizmente não matei ninguém. E não o digo para me desculpabilizar, porque podia ter essa necessidade. Eu sou um mau atirador. Sempre fui. Nunca pensou em desertar ou fugir para o exílio?Nunca se colocou essa questão. Ainda hoje se discute muito quem teve o papel mais importante: se os que não foram à guerra e que nos sítios para onde fugiram ajudaram a combater o regime, ou o da geração que foi à guerra, que acabou por conviver com muitas gerações, trocar muitas impressões. Conversas essas que instilavam a dúvida mesmo aos oficiais do quadro… Nós, milicianos, fizemos a guerra com a consciência de que era injusta, mas fizemo-la com o sentido de responsabilização pela vida daqueles homens que nos foram entregues. Como no meu caso, quando fui comandante de pelotão e de companhia. Penso que os dois foram importantes, mas sinto que a nossa posição foi importante.Oficial e actor Que se saiba, Vicente Batalha foi o único oficial do Exército português a integrar simultaneamente uma companhia de teatro profissional. Ainda para mais numa época em que o país estava envolvido na guerra colonial em África. Já como tenente, depois do curso de oficiais milicianos na Escola Prática de Cavalaria em Santarém, do curso de operações especiais em Lamego e da comissão na Guiné, aceita o convite de Carlos Avillez para integrar o Teatro Experimental de Cascais (TEC). Que acabou por aceitar. Estava-se em Janeiro de 1970. A intenção era integrar o elenco da peça “O Encoberto”, de Natália Correia. Mas a censura troca-lhes as voltas e proíbe a exibição lançando um ultimato ao grupo, caso este quisesse continuar a receber apoios: encenar a peça “Antepassados vendem-se”, de Joaquim Paço d’Arcos, um autor conotado com o regime. E foi nessa peça que Batalha debuta, tendo como companhia actores como o escalabitano Mário Viegas, Vítor de Sousa, Carlos Paulo ou Elisa Lisboa. Recorda a enorme pateada no final, só interrompida quando os actores voltaram ao palco para agradecer ao público. “As pessoas perceberam o que se passou e decidiram vaiar o autor e a censura”, diz. Conciliar as duas actividades não era fácil, embora o facto de trabalhar nos Serviços Mecanográficos do Exército, em Lisboa, no turno entre as 13h30 e as 19h00, desse uma ajuda. Tinha as noites livres e podia dormir de manhã. Além disso teve de pedir uma autorização especial, para poder participar em espectáculos públicos e acumular a representação com a farda. Além dele havia mais dois alferes nas mesmas condições: um forcado e um bailarino. “Queres ser palhaço?”, perguntou-lhe o coronel, antes de lhe dar a licença.Esteve dois anos no TEC e passou para a Casa da Comédia, onde só fez um espectáculo. Em 1972 é mobilizado para Angola. Aí é convidado para actuar na Companhia Profissional de Angola. Teve de pedir nova autorização às chefias militares. Nessa província ultramarina actuou ainda no Clube Teatro de Angola. Quando o TEC vai em digressão a Luanda, em 1973, aceita colaborar com o grupo, com quem representa também em Moçambique em Fevereiro de 1974.A revolução apanha-o em Angola e o período conturbado que se segue é dedicado à vida militar. Até 25 de Novembro de 1975, quando é saneado do Exército. Passa depois pelos Bonecreiros com Helena Isabel e Mário Jacques, é convidado para fundar a Cooperativa de Teatro de Almada com José Viana e Rogério Paulo e regressa ao TEC em 1978, onde permanece até 1983, quando regressa à Pernes natal para trabalhar como animador cultural na Fundação Gonçalves Pereira. De 1980 a 1983 pertenceu aos corpos sociais do Sindicato dos Trabalhadores de Espectáculo.Depois do regresso a Pernes, e antes de se meter na política autárquica, aceitou o convite para ser animador cultural na Câmara de Alcanena. A sua ligação ao movimento associativo leva-o a ser presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários de Pernes durante quatro mandatos nas últimas duas décadas.“A CDU é hoje uma força residual em Santarém”Vicente Batalha foi presidente da Junta de Freguesia de Pernes durante dois mandatos, (entre 1991 e 1997). Foi vereador da Câmara de Santarém de 1997 a 2001 e eleito da Assembleia Municipal de Santarém entre 2002 e 2009.Foi presidente de junta, vereador, eleito da assembleia municipal, sempre pela CDU. Do que gostou mais?De ser presidente da Junta de Pernes. Foi uma experiência única. Até por ser a primeira vez que um indivíduo com as minhas características e opção política ganhou a junta, houve ali uma transformação que se sentia. E fui o autarca até hoje eleito com o maior número de votos em Pernes.Diz-se que a CDU é um mero eufemismo para designar o PCP. Como independente sentiu esse ascendente e supremacia do partido quando exercia cargos eleito pela coligação?Não. Aqui em Santarém o PCP, ao contrário dessa tese, teve sempre a controlá-lo um conjunto de independentes cujas opiniões contavam. Mas o directório do partido teria sempre a última palavra.O directório nem sempre tem a última palavra. Eu não senti essa pressão. Penso pela minha cabeça e houve várias situações políticas em que isso ficou demonstrado. A única coisa que o PCP me pediu foi quando fui candidato a deputado nas legislativas de 1992. Fui o quarto da lista, com o compromisso de que iria exercer parte do mandato. E quando chegou a altura o PCP pediu-me para não exercer e assinar a carta a renunciar. E eu assinei.Isso foi o que não fez a deputada do PCP Luísa Mesquita, que acabou expulsa do partido. O que pensa desse processo?As pessoas sabem de que lado é que estive…Solidarizou-se com o PCP.Não me solidarizei com o PCP. Solidarizei-me com aquilo que era verdade e que me parecia mais racional. A sua cumplicidade de muitos anos com Luísa Mesquita esmoreceu, perdeu-se com essa situação?Humanamente não. Reconheço as suas qualidades, o seu valor. Mas essa situação afectou-me no sentido de que esperei da Luísa outra posição.Esse caso veio demonstrar que Luísa Mesquita tinha muito peso eleitoral em Santarém. A CDU quase desapareceu do mapa em Santarém nas últimas eleições autárquicas.Sim, foram danos muitíssimo graves. Aliás a expressão é da própria Luísa Mesquita: a CDU hoje é uma força residual eleitoralmente. Esse processo trouxe consequências graves para a CDU. Vamos ver se não trouxe consequências tão graves para o concelho. O concelho perde com o facto da Câmara de Santarém não ter um vereador da CDU, situação inédita desde o 25 de Abril?Sim. Sou pela diversidade e pluralismo de opiniões. Em 1992 ganhei precisamente a Junta de Pernes com 7 eleitos em 9, com 1 PSD e 1 PS. E na noite eleitoral não fiquei contente. Achei que aquilo não correspondia à realidade social. Um maior equilíbrio de forças podia ser vantajoso para o debate. Se a actual maioria tivesse menos um vereador não se perdia nada (risos)…É director do Instituto Bernardo Santareno nomeado por um presidente de câmara eleito pelo PSD, mas mantém-se autarca eleito pela CDU em Pernes. Consegue conciliar bem esses dois papéis?Quando no anterior mandato o presidente Moita Flores me convidou fiquei surpreendido. Na altura era eleito da CDU na assembleia municipal e tomei posições fortes contra a maioria. As minhas relações com o presidente Moita Flores são pautadas por uma grande lealdade e uma grande cumplicidade a nível cultural e de ideias. Quando entender que não estou bem digo. Tal como quando o presidente entender que eu não estou bem diz-me. Aliás, não me candidatei à Junta de Pernes sem falar com o presidente e sem colocar o meu lugar no Instituto Bernardo Santareno à disposição. As críticas a Rui BarreiroTrabalhou com três presidentes de câmara enquanto autarca, os socialistas José Miguel Noras e Rui Barreiro e ainda Moita Flores…E com o Ladislau Botas durante os dois primeiros anos em que fui presidente de junta... Com o qual gostou de trabalhar mais?É uma pergunta complicada, porque as personalidades são completamente diferentes. Mas houve um com quem gostei menos de trabalhar, o Rui Barreiro. Isso é claro.Quais as razões?Porque não foi leal.Em que sentido?Na questão do Alviela, que nos dividiu. Ele defendia as posições do Governo contra os interesses do seu próprio concelho e eu não podia concordar. Isso inquinou o nosso relacionamento. Basta ver as páginas dos jornais da altura, em que pedi a demissão dele de vereador do Ambiente. Mais tarde, já quando ele era presidente de câmara, respeitava-o enquanto tal, mas na assembleia municipal tivemos obviamente as nossas divergências. E quanto aos outros presidentes?O José Miguel Noras ainda há dias me ofereceu um livro com uma dedicatória em que diz que fui um companheiro exemplar. Há pouco tempo o presidente Moita Flores, em troca de impressões, disse que tenho tido um comportamento exemplar. Portanto, fico tranquilo com a minha consciência.“Nunca tive necessidade de descendência”Como lida com o passar dos anos?Com alguma dificuldade. Por um lado por problemas de saúde. Nem sempre a passagem dos anos traz isso. A mim trouxe relativamente cedo. Mas há uma coisa que não tenho e talvez seja a minha grande arma: sendo um ser solitário não sofro de solidão. Penso que será a melhor resposta. Procuro não ser um ser sozinho.É solteiro. Não tem filhos. Nunca sentiu o apelo de constituir família?Sim. Tive as minhas experiências, que não resultaram. Umas pessoas fixam-se mais do que outras e eu tive uma vida muito movimentada. É interessante que na minha família há muitos casos de pessoas que viveram sozinhas, que não casaram. E dois dos meus tios casaram muito tarde.Há aí uma faceta egoísta, de aversão à partilha do espaço?Hoje talvez já tenha essa faceta egoísta. Mas sinto que não sou egoísta. Essa situação pode ser encarada mais como uma fuga às responsabilidades do que propriamente egoísmo. Não sinto a necessidade de continuidade. É interessante porque, em todas as minhas intervenções, tenho a preocupação da continuidade. E a Junta de Pernes é um exemplo evidente, onde criei sempre pessoas para me substituir. Nunca tive necessidade de descendência. Durante muito tempo não queria ter nada em meu nome.Porquê?Um dos meus dramas é não aceitar muito bem ter coisas. Ter bens. Isso causa-me muita confusão.É avesso ao materialismo.Sim. Mas não por ideologia ou convicção. É natural.É uma pessoa que se contenta com pouco?Isso não (risos). Contento-me com outro tipo de bens que a maioria das pessoas não se contenta. O teatro para mim é uma paixão. Como é a ópera, para mim o espectáculo na máxima dimensão. Gosto de um bom livro, de um bom concerto. Ao cinema agora vou menos, mas fui um cinéfilo terrível. Via tudo o que havia para ver. Vai-me compensando também partilhar com as pessoas iniciativas, ideias, projectos. Para mim isso é mais importante que ter um carro, uma propriedade ou uma casa. As memórias já pesam mais que os projectos?Isso não. O que poderá pesar mais é a sensação de não se ter tempo…Ninguém sabe o tempo que lhe resta.Mas saber que uma pessoa pode, de um momento para o outro, desaparecer intelectualmente atormenta-me. Tenho projectos e gostava de fazer muito mais coisas, como escrever um livro, participar na formação de gente nova no teatro. E quanto ao Instituto Bernardo Santareno, embora não dependa só de mim, há projectos mais ambiciosos. Está na altura de outro pulo, de outro salto. E tenho lá um monte de peças que gostava de fazer. Gostava que os grupos de teatro de Santarém se pudessem associar para fazer grandes produções.“Nunca tive necessidade de descendência”Como lida com o passar dos anos?Com alguma dificuldade. Por um lado por problemas de saúde. Nem sempre a passagem dos anos traz isso. A mim trouxe relativamente cedo. Mas há uma coisa que não tenho e talvez seja a minha grande arma: sendo um ser solitário não sofro de solidão. Penso que será a melhor resposta. Procuro não ser um ser sozinho.É solteiro. Não tem filhos. Nunca sentiu o apelo de constituir família?Sim. Tive as minhas experiências, que não resultaram. Umas pessoas fixam-se mais do que outras e eu tive uma vida muito movimentada. É interessante que na minha família há muitos casos de pessoas que viveram sozinhas, que não casaram. E dois dos meus tios casaram muito tarde.Há aí uma faceta egoísta, de aversão à partilha do espaço?Hoje talvez já tenha essa faceta egoísta. Mas sinto que não sou egoísta. Essa situação pode ser encarada mais como uma fuga às responsabilidades do que propriamente egoísmo. Não sinto a necessidade de continuidade. É interessante porque, em todas as minhas intervenções, tenho a preocupação da continuidade. E a Junta de Pernes é um exemplo evidente, onde criei sempre pessoas para me substituir. Nunca tive necessidade de descendência. Durante muito tempo não queria ter nada em meu nome.Porquê?Um dos meus dramas é não aceitar muito bem ter coisas. Ter bens. Isso causa-me muita confusão.É avesso ao materialismo.Sim. Mas não por ideologia ou convicção. É natural.É uma pessoa que se contenta com pouco?Isso não (risos). Contento-me com outro tipo de bens que a maioria das pessoas não se contenta. O teatro para mim é uma paixão. Como é a ópera, para mim o espectáculo na máxima dimensão. Gosto de um bom livro, de um bom concerto. Ao cinema agora vou menos, mas fui um cinéfilo terrível. Via tudo o que havia para ver. Vai-me compensando também partilhar com as pessoas iniciativas, ideias, projectos. Para mim isso é mais importante que ter um carro, uma propriedade ou uma casa. As memórias já pesam mais que os projectos?Isso não. O que poderá pesar mais é a sensação de não se ter tempo…Ninguém sabe o tempo que lhe resta.Mas saber que uma pessoa pode, de um momento para o outro, desaparecer intelectualmente atormenta-me. Tenho projectos e gostava de fazer muito mais coisas, como escrever um livro, participar na formação de gente nova no teatro. E quanto ao Instituto Bernardo Santareno, embora não dependa só de mim, há projectos mais ambiciosos. Está na altura de outro pulo, de outro salto. E tenho lá um monte de peças que gostava de fazer. Gostava que os grupos de teatro de Santarém se pudessem associar para fazer grandes produções.Saneado do Exército no 25 de NovembroVicente Batalha nasceu em 18 de Outubro de 1941 em Pernes, concelho de Santarém, onde fez a instrução primária. O pai, homem dado às questões da cultura e também da política, sendo opositor do regime salazarista, tinha um café que era também uma tertúlia oposicionista. Estudou até ao sétimo ano no Liceu Nacional Sá da Bandeira em Santarém, matriculando-se depois na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Aí fez o primeiro ano, transferindo-se para Lisboa. Na universidade fez teatro e esteve ligado aos movimentos estudantis contestatários do regime. O curso ficou por acabar. Em Setembro de 1964 é chamado a cumprir o serviço militar. Em Outubro de 1965 embarca para a Guiné onde fica dois anos como alferes.No início da década de 70 o curso de Fotografia e Cinema feito na tropa, em Lisboa, abre-lhe outros caminhos. Faz uma nova comissão, já como capitão, em Angola. Em Luanda comanda o Destacamento de Fotografia e Cinema. O 25 de Abril apanha-o em Luena, antigo Luso, onde liderava um esquadrão de Cavalaria na zona militar Leste.Regressa à metrópole em Fevereiro de 1975, em pleno PREC (Processo Revolucionário em Curso). Quis passar à disponibilidade mas a altura não era propícia e não lhe concederam autorização. Acabou a sua carreira militar “ingloriamente” a comandar o Regimento de Polícia Militar nos acontecimentos de 25 de Novembro de 1975, que pacificaram o país. Era o oficial mais graduado porque os três majores, entre eles o conhecido major Tomé, fundador da UDP, tinham sido obrigados a apresentar-se nessa data na Presidência da República.A unidade, conotada com a extrema-esquerda, foi tomada de assalto pelos Comandos. Esteve dois dias preso no quartel. O seu companheiro de quarto era Carlos Beato, hoje presidente da Câmara de Grândola, que fez parte da coluna de Salgueiro Maia no 25 de Abril. Foi-lhe instaurado um processo na Polícia Judiciária militar que acabou por não dar em nada. Afinal de contas, só estava há três semanas naquela unidade. “Não havia matéria contra mim. Caí lá por obrigação, para pôr lá alguma ordem”, conta.

Mais Notícias

    A carregar...