Mário Coelho reconhece co-autoria do seu livro mas não aceita nome de Antonieta Janeiro nas reedições
Professora garante que não abdicará nunca de continuar a fazer valer os seus direitos
Partes envolvidas no processo chegaram a acordo, não havendo lugar a julgamento. SPA desistiu da queixa-crime e da indemnização cível depois do toureiro ter assumido a co-autoria dos textos. Mas já se antevê nova guerra.
O matador de toiros Mário Coelho assumiu em tribunal que excertos do livro, “Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro”, que evoca o seu percurso como figura da festa brava, foram elaborados em co-autoria com Antonieta Janeiro mas ouvido por O MIRANTE garante que nunca aceitará que o nome dela figure em eventuais reedições nessa qualidade. A sua única cedência, diz, é a que consta do acordo. Retirar o parágrafo constante na página 20 onde escreve: “Antonieta Janeiro a quem inicialmente pedi que corrigisse o português dos meus escritos e que ao fazê-lo me alterou de tal forma que ao não me reconhecer me obrigou a escrever o livro na minha forma simples e sem arabescos, o meu obrigado por tê-lo feito”.Antonieta Janeiro assegura que também não vai abdicar dos seus direitos de co-autora em próximas edições do livro ou em qualquer outra utilização que seja feita do mesmo, o que faz antever novo litígio.Na acta do 2º Juízo Criminal de Lisboa – a que O MIRANTE teve acesso – pode ler-se que “o arguido reconhece que os textos objecto da denúncia foram feitos com a colaboração da Sra. Maria Antonieta Janeiro Alves Pena Ramos, razão porque entende que os mesmos devem ser vistos como elaborados em co-autoria”.O toureiro de Vila Franca de Xira ia começar a ser julgado na quinta-feira, 8 de Abril, depois de há cerca de um ano o Tribunal da Relação de Lisboa ter decidido levar o matador de toiros a julgamento pela eventual prática do crime de contrafacção. Em causa está o livro lançado pelo toureiro, “Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro”, em que alegadamente terá usado, sem autorização, textos escritos por Antonieta Janeiro, que os tinha registados na Sociedade Portuguesa de Autores e na Inspecção Geral das Actividades Culturais.No documento pode ainda ler-se que Mário Coelho “não teve conhecimento nem lhe foi dado a conhecer por Antonieta Janeiro, que nos anos de 96/98 registou os referidos textos”, tendo o toureiro usado os mesmos “sem ter comunicado esse facto” à própria.O acordo foi proposto pelo advogado de Antonieta Janeiro e da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), que perante tais factos, desistiu da queixa-crime e da indemnização cível. “Face ao que vem reconhecido, estando em causa meramente a paternidade da obra em causa nos autos, a SPA desiste do pedido cível e da queixa”, pode ler-se na acta. Mário Coelho aceitou a desistência da queixa apresentada pela SPA.No despacho da juíza, tendo em conta a natureza semi-pública do crime imputado ao arguido e reunidos os pressupostos legais, declarou extinto o procedimento criminal, mandando arquivar o processo.“Da Prata ao Ouro – História de um Toureiro” é uma auto-biografia que percorre os 50 anos de toureiro e retrata memórias da vida de Mário Coelho. O prefácio foi escrito por Agustina Bessa-Luís e publicada pela editora D. Quixote. A obra foi lançada no dia 27 de Junho de 2005, na Fundação Mário Soares em Lisboa, pelo Padre Vítor Melícias, numa sessão presidida pelo ex-presidente da República.
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