Pintor que tenta bater recorde de Picasso vai criar linha de mobiliário original em Ourém
A ideia é criar móveis estampados com serigrafias que identifiquem a sua origem no concelho
Até dia 9 de Julho, Fernando De la Mancha encontra-se num espaço da Câmara Municipal de Ourém com uma exposição e um cartaz que anuncia o seu objectivo.
Tratam-no por Fernando De la Mancha, mas o seu verdadeiro sobrenome é Rocha. Este luso-brasileiro de 51 anos iniciou há três meses a missão de tentar bater o recorde do Guiness Book que até hoje é detido pelo pintor espanhol Pablo Picasso: pintar mais de 13.500 quadros, o maior número de sempre. Se Picasso levou toda uma vida, De la Mancha quer fazê-lo em dois anos e não considera o seu objectivo quixotesco, embora o nome artístico remeta para o cavaleiro da triste figura criado por Cervantes. Quando falámos com ele já estava perto dos 2.500. E pelo meio ainda tem tempo para planear criar uma linha exclusiva de móveis em Ourém, recorrendo a serigrafias. Até dia 9 de Julho, sexta-feira, encontra-se num espaço da Câmara Municipal de Ourém com uma exposição e um cartaz que anuncia o seu objectivo de bater o recorde do espanhol Picasso. A chegada à região deu-se através de um empresário do sector do mobiliário de Vilar dos Prazeres, Ourém, que se interessou pelos seus trabalhos sobre madeira.A ideia é criar uma linha de móveis estampados, que possa ser identificada como única de Ourém. Por exemplo, uma porta de um armário, em madeira, sobre a qual se estampa uma serigrafia de uma paisagem da zona. “Eles não têm uma linha própria e esta torna-se uma linha original de Ourém, de móveis estampados”, que poderá depois ser exportada para o Brasil ou África, explica.O projecto procura combater a crise na indústria do móvel de Vilar dos Prazeres e vai usufruir das muitas capacidades do artista, que sabe fazer um pouco de tudo a nível artístico e também é carpinteiro. De la Mancha planeia ficar algum tempo por Ourém, trabalhando para a indústria do móvel. A região, refere, “tem muita coisa bonita”, salientando o castelo, as igrejas ou os moinhos. “Vou explorar esta área”, comenta, referindo que está a estudar vários aspectos da zona e que em breve começa a pintá-los. “A ideia é que em cada cidade que eu passe, eu pinte as características da região”. De la Mancha pretende fazer o seu percurso dos próximos dois anos por cidades portuguesas, passando ainda por países como Espanha, França ou Itália, o continente africano, terminando novamente numa cidade lusa. “Poderia ser Ourém, que me deu um impulso muito grande”, mas o pintor ainda não se decidiu. “Seguramente quero fazer numa cidade portuguesa a entrega do prémio”. O objectivo de conquistar o recorde de Picasso tem muito que se lhe diga e não é o que aparenta. Na teoria, o pintor espanhol pintou mais de 13.500 quadros. Na prática, explica De la Mancha, estamos a falar de 3501 quadros e 10.001 gravuras e/ou desenhos. E “13.500 quadros não são apenas pinturas, porque as técnicas mudam”, nota. Uma diferença que a maioria das pessoas não entende logo à partida. Até aquela manhã de 22 de Junho, o número já ia em 2420, tudo bem documentado e registado, para que a avaliação do Guiness não tenha com que negar o prémio.Natural de Recife, Brasil, Fernando De la Mancha sempre gostou de cores e ao longo do seu crescimento foi notando que possuía uma sensibilidade e aptidão especiais para as artes. “Na escola já ganhava dinheiro a fazer os trabalhos de artes dos meus colegas, que preferiam jogar futebol”, recorda rindo.O grande passo na sua vida deu-se quando entrou para o departamento artístico da Rede Globo, com pouco mais de 20 anos e sem nenhuma formação académica superior na área. Viveu em Ibiza, França, Itália, Inglaterra, Canárias, Portugal, trabalhando em marketing e publicidade. Apreciador do livro de recordes do Guiness, foi conhecendo cada vez mais a vida de Picasso e percebeu que poderia conquistar o seu recorde.“Não vou imitar Picasso”, sublinha, “o que eu tenho é que superar os números do Guiness”. Aos que dizem que o recorde pertence ao pintor espanhol, De la Mancha nota que já passaram quase 40 anos desde a sua morte e “tem que aparecer outra pessoa que supere o que o génio fez”.
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