Irmãos Neves dois campeões de Almeirim no hóquei em patins jovem
Jogam no Sporting, Diogo é tri-campeão pelo clube leonino e foi agora chamado à Selecção Nacional sub-17, Bernardo já foi campeão pelo Benfica
Bernardo, 21 anos e Diogo Neves, 16 anos são dois irmãos que têm em comum a paixão pelo hóquei em patins. Começaram muito cedo na vida a praticar a modalidade nas equipas jovens do Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim, rapidamente deram nas vistas e rumaram a Lisboa e às equipas jovens do Sporting Clube de Portugal.
Almeirim é a terra natal, onde habitam com os pais e onde fazem a maior parte da sua vida e continua a ser o seu refúgio para descanso e convívio com os amigos. Bernardo estudou em Almeirim até ao 12º ano e frequenta agora a Faculdade de Economia da Universidade Nova, em Lisboa. Diogo passou para o 11º ano e continua a estudar na “Cidade da Sopa da Pedra”, e ainda hesita quanto à área que vai seguir a nível universitário. “Talvez algo ligado ao desporto”, diz.Apesar da diferença de idade, Bernardo e Diogo começaram a jogar no Sporting na mesma altura. Bernardo, então com 14 anos, e Diogo com 9 anos, eram e continuam a ser os pais a transportá-los para os treinos. Apesar da azáfama de estudos e treinos, os dois irmãos foram e são bons estudantes, para isso tiveram sempre a ajuda da mãe, que é professora do ensino secundário.“O nosso pai e a nossa mãe vão sempre connosco para os treinos e jogos. Depois treinávamos a horas diferentes, enquanto eu treinava a nossa mãe ajudava o Diogo nos estudos e a fazer os trabalhos de casa, depois o Diogo ia treinar e ficava eu a trabalhar com a minha mãe. Tem sido assim durante todos estes anos e resultou. Somos alunos regulares e não desiludimos os nossos pais, compensando assim o seu sacrifício”, disse Bernardo.Os caminhos no hóquei em patins foram também muito parecidos. Bernardo foi o primeiro a ingressar na equipa do Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim. Foi levado por amigos. Na família não havia ninguém ligado à modalidade. Diogo acompanhou o irmão e pouco depois viu-se com uns patins nos pés e a dar alguns “malhanços”, mas rapidamente se entendeu com os patins e começou a destacar-se como um bom jogador.Num torneio em Lisboa foram vistos por “olheiros” do Sporting e acabaram por integrar os quadros do clube lisboeta. “Não foi um sacrifício, já éramos sportinguistas de coração, e agora a ligação está ainda mais arreigada”, afirmaram os dois jovens em uníssono.Bernardo começou nos iniciados, e logo no ano a seguir ia ficar sem clube porque o Sporting não fez equipa de juvenis. “No final da época apareceu um convite do Benfica, que aceitei de pronto. Estive lá dois anos e ali fui campeão nacional de juvenis. Subi então a juniores e passei para o Alverca onde estive um ano e fui campeão distrital. Depois regressei ao Sporting, onde fiz as duas últimas épocas de júnior. Subi a sénior e estive na Académica da Amadora. Agora com o regresso do hóquei sénior ao Sporting já recebi e aceitei o convite para voltar ao clube do meu coração”, diz Bernardo com entusiasmo.A passagem pelos dois grandes clubes de Lisboa deu uma visão clara da forma como se faz formação num lado e noutro. Bernardo não hesita quando afirma que “as diferenças são muito grandes. No Sporting existe um espírito mais familiar, é um clube que dá grande importância à formação dos jovens como homens e como praticantes das várias modalidades. O Benfica é mais voltado para a grande competição, vai buscar jovens já com formação adiantada”, garante.Pais orgulhosos dos seus rebentosJaime Neves e a esposa são pais orgulhosos dos seus filhos. São eles que transportam os filhos para os treinos e para os jogos. “É como se costuma dizer ‘o paitrocínio”. Viajamos cerca de 6000 quilómetros por mês, mas não o fazemos com sacrifício, fazemo-lo com gosto, porque nos orgulhamos dos filhos que temos”, diz comovido Jaime Neves.Aliás o acompanhamento dos filhos levou Jaime Neves a ser tentado pelo dirigismo desportivo e durante alguns anos foi director do Hóquei Clube “Os Tigres”. “Não hesitei quando fui convidado e dediquei-lhe alguns anos. Vejo agora com alegria a evolução do clube, que está a passar por uma excelente fase”, refere Jaime Neves.Embora seja um orgulho ver a evolução dos filhos na modalidade de hóquei em patins, Jaime Neves e a esposa são claros na opção que comunicam aos jovens. “Acima de tudo está o curso. O hóquei em patins será sempre uma segunda opção”, garante Jaime Neves que lamenta que não se dê à modalidade a grandeza que ela tem.Mas a chamada do Diogo à Selecção Nacional é motivo de grande orgulho e alegria de toda a família Neves. “Foi uma grande alegria quando soubemos da convocação do Diogo para a Selecção Nacional. É um grande orgulho que queremos compartilhar com a cidade de Almeirim e com a região”, referiu Jaime Neves No final da conversa com O MIRANTE, Bernardo e Diogo fizeram questão de enaltecer o lugar que os seus primeiros treinadores tiveram na sua vida de hoquistas. “Nunca nos vamos esquecer dos técnicos Manuel Godinho, João Santos e Renato Rodrigues que nos conduziram nos primeiros tempos na modalidade. Terão sempre um lugar importante no nosso coração”, garantiram os dois jovens. A Selecção Nacional é o início da concretização do sonho de DiogoDiogo é mais jovem e mais comedido na maneira de falar. Mas não se esconde quando diz que sonha alto em relação ao hóquei em patins. “Esta chamada à Selecção Nacional de Sub-17 é o início da concretização do sonho de chegar longe na modalidade. O meu imaginário não tem limites. Vir a ser campeão da Europa e do Mundo e jogar um dia no Barcelona, são metas que povoam os meus sonhos de jovem”, garante Diogo.O mais jovem dos irmãos Neves, garante que as características de hoquistas, dele e do Bernardo, são muito diferentes. “Eu sou aquele jogador a que os treinadores chamam de universal. Faço qualquer posição no campo e distingo-me sobretudo no comando de jogo e no transporte de bola para os avançados, depois defendo bem. O Bernardo é claramente um jogado de área, é um concretizador”, refere o jovem Diogo.A carreira de Diogo tem sido também mais recheada de êxitos. Para além dos títulos regionais, já foi campeão nacional três vezes, em infantis, iniciados e juvenis, sempre pelo Sporting. “Para além disso estive em mais quatro finais. Não se pense por isso que chegar à final é fácil. Na zona de Lisboa e no Norte do país existem equipas que trabalham muito bem com a juventude”, garante.No que se refere à Selecção Nacional, Diogo é muito cauteloso. “O seleccionador conhece-me bem, sabe o meu valor, e isso esteve na base da minha convocatória para o estágio. Estou a trabalhar forte, porque estamos 12 no estágio e só 10 é que vão a Inglaterra disputar a prova. Dos convocados vão sair ainda um jogador de campo e um guarda-redes, mas eu estou confiante de que vou ficar”. No entanto, Diogo faz questão de destacar o trabalho que se faz com os jovens no Hóquei Clube “Os Tigres” de Almeirim. “Foi ali que comecei e não me esqueço disso, nesta altura em que estou integrado nos trabalhos da Selecção Nacional, o momento mais alto da minha carreira”.
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