Formado à moda antiga, na altura por um grupo de crianças, nasceu da rivalidade futebolística existente entre a Rua de Cima, actual Vitória de Santarém, e a Rua de Baixo, no Alto Bexiga, em Santarém, que disputavam entre si jogos de futsal de grande intensidade.Hoje, cinco anos depois da sua oficialização, Paulo Domingos o jovem presidente desde a hora da regularização, acompanhado por Sérgio Fernandes, o grande responsável pela continuação e consciência da existência virtual e agora real do clube. “Foi o Sérgio que ao longo dos anos foi procedendo a um registo histórico de todos os jogos, resultados e jogadores que foram alinhando pelo Vitória Clube de Santarém. São dados que estão no clube e bem catalogados”, referiu ao nosso jornal Paulo Domingos.Entre as duas ruas, a rivalidade foi diminuindo com o passar dos anos, mas os jovens não pararam por isso. Disputavam a maioria dos torneios de futsal que se realizam na região e assim novos adversários foram surgindo e a ideia de formalizar o clube foi amadurecendo. O conceito de clube foi-se enraizando. Mas um clube sem sede, sem campo, sem órgãos sociais, sem estrutura e sem elementos vinculados por contrato. “Havia contratos de amizade e cumplicidade que, aliados a mentalidades jovens e ambiciosas, ajudaram a marcar a diferença em relação aos muitos adversários que encontrávamos nos torneios. E a ideia de avançar para um clube organizado e federado tomou forma”, explicou o jovem presidente.A partir de 2003, com a entrada de um café da zona na vida do clube, com um apoio decisivo, a ideia ganhou forma e começaram a ser dados os primeiros passos para que o clube se desse a conhecer a nível oficial e institucional, situação que acabou por surgir no início de 2005. Na altura os grandes objectivos do jovem clube eram assumir-se como um dos clubes mais identificados com a juventude da cidade de Santarém. E para além da modalidade de futsal, que arrancou por vocação, o clube poder alargar os seus horizontes a outras modalidades.E na verdade o clube cresceu, cresceu muito, talvez em demasia e rapidamente demais. “Nos últimos três anos fomos duplicando o número de atletas e de equipas. Dos 15 atletas com que começámos temos hoje cerca de uma centena de atletas a praticar futsal e pesca desportiva”, disse Paulo Domingos, que continua a presidir aos destinos do Vitória de Santarém.O clube vai continuar a trabalhar e nesta altura está a preparar a próxima época, e já tem quase completas as equipas que vão representar o clube, principalmente no futsal, quer sénior quer jovem. “Tenho a certeza que vamos ser ainda mais fortes do que temos sido até aqui”, garante Paulo Domingos.Dificuldades financeiras refreiam novas modalidades Na altura em que está a comemorar os cinco anos de vida regular, o Vitória Clube de Santarém tem, segundo Paulo Domingos, mais algumas solicitações para a criação de novas modalidades. “Temos pessoas a contactarem-nos na área do triatlo e tiro com arco, por nós estarmos abertos a qualquer projecto. Mas não podemos acolher pessoas que vêm só para praticar. Só podemos aceitar no nosso seio pessoas que venham com vontade de trabalhar, abrir uma secção autónoma, como é a secção de pesca”.A direcção não pode avançar noutras áreas. “Estamos muito limitados financeiramente e não podemos colocar em risco as equipas jovens de futsal, onde temos atletas desde os cinco aos cinquenta anos”, disse Paulo Domingos.O jovem presidente garante mesmo que o clube nunca passou por dificuldades financeiras tão grandes como está a atravessar neste momento. “Foi o crescimento do clube, mas também o decrescimento dos apoios. Sem querer que isto seja encarado como uma crítica, o facto da Câmara de Santarém ter em atraso cerca de dois anos dos subsídios de apoio atribuídos está a asfixiar-nos de uma forma muito forte”, disse o presidente, acrescentando que “se recebêssemos agora esse dinheiro pagávamos tudo o que devemos e ainda ficávamos com dinheiro para avançarmos com a próxima época sem sobressaltos”.“Atletas, dirigentes, pais, sócios e amigos estão plenamente conscientes da realidade do clube. Que clube temos e que modalidades podemos desenvolver, e estão dispostos a ajudar-nos a ultrapassar a situação sem deixarmos de lutar em campo pelos melhores resultados”, garante.Por outro lado Paulo Domingos garante que a falta de apoios que se faz sentir tem a ver com o facto do desporto não estar na moda em Santarém. “É muito difícil que as empresas apoiem o desporto, porque também é muito difícil pessoas nos pavilhões. Nós não estamos habituados a puxar por Santarém. Tivemos equipas a disputar os nacionais mais altos e nos seus jogos o pavilhão está vazio, isto é mau”, disse. Para resolver o problema financeiro, os dirigentes estão a agarrar-se a tudo e mais alguma coisa para tentar levar a que o clube se torne gerador de receitas próprias. “Temos que nos organizar de uma forma diferente, temos que entrar em tudo o que possa gerar receitas. Este ano tivemos azar, nas festas da cidade foram sorteados os pavilhões para as colectividades e nós ficámos de fora”, lamenta. A questão da sede é ainda uma utopia. “Temos um espaço no pavilhão para arrumar as nossas coisas, mas precisávamos de encontrar um lugar para ter uma sede onde os sócios pudessem estar e confraternizar. Mas isso é muito difícil, não conseguimos chegar às verbas que nos pedem para arrendamento”, disse Paulo Domingos. Mas apesar de todas estas dificuldades a vontade de trabalhar dos dirigentes do Vitória de Santarém não esmorece e Paulo Domingos garante que “quem quiser inscrever-se na formação do clube o pode fazer. Vamos ter escolinhas de futsal para crianças nascidas em 2000 e 2001, infantis para jovens nascidos em 1998 e 1999, iniciados nascidos em 1996 e 1997, seniores masculinos e femininos e veteranos”.