Adelaide Carvalho
48 anos, Directora da Escola Secundária de Benavente
Nasci em Benavente a 21 de Julho de 1962. Moro muito perto da escola. Isso não significa que venha a pé para o trabalho. Sou preguiçosa. Venho de carro. Quando é Inverno o carro nem aquece. Muitas vezes estaciono naquela rua estreitinha a que chamam agora Rua do Estudante. Nós chamamos-lhe a rua das senhoras idosas. Como tenho as chaves mestras da escola, em vez de contornar, abro logo uma porta nessa rua e entro por detrás. Não pratico desporto. Mesmo em miúda nunca fui muito dada a esse tipo de actividades. Faço umas pseudo caminhadas à noite.Tenho uma filha com 16 anos. É aluna desta escola. Vai entrar no 12º ano. Habitualmente às 08h30 estou na escola. Até porque a minha filha entra a essa hora. Aproveito e fico a trabalhar. Há uns anos detestava levantar-me cedo. Hoje tenho mais facilidade em fazê-lo e encontro mais produtividade no trabalho de manhã. Antigamente achava que a produtividade se conseguia de tarde. Sou licenciada em Línguas e Literaturas Modernas na variante de Português – Francês, mas só trabalhei um ano em Francês no ensino particular. A minha profissionalização foi feita no Português. Até que me dediquei à administração. Os meus fins-de-semana são muito cheios. Apesar de teoricamente ter 35 horas na escola faço muito mais do que isso e muitas vezes tenho que levar coisas para casa. O tempo é muito preenchido com o atendimento. Não significa isto que não defina de vez em quando que este ou aquele fim-de-semana não trabalho. Há uns tempos gostava muito de bordar. Agora os meus tempos livres são tão poucos que quando preciso de descansar chega deitar-me no sofá e olhar para a televisão. É a necessidade imensa que tenho de parar e deixar de olhar para o papel e para o computador. Gostava muito de ter tempo para ler. Infelizmente não tenho. As leituras que faço são muito viradas para o que estou de momento a fazer. Como não tenho tempo para ler um livro de cima a baixo acho que o melhor mesmo é não o fazer. De vez em quando gosto de pegar numa revista e ler determinados artigos. Para desanuviar daquilo com que trabalho diariamente. Tenho esperança de ficar mais liberta quando concluir o mestrado. Gosto muito de comer. Às vezes até me aborrece gostar tanto de comer. Mas detesto cozinhar. O meu marido gosta. Se bem que quando o faço até sai bem, segundo dizem. Especialidade não tenho. É o trivial. Não sou dada a grandes invenções. Tenho alturas em que me apetece experimentar uma ou outra receita, mas nada de especial. Detesto pôr a loiça na máquina. Nunca cabe lá nada. Essa é uma das tarefas que é sempre empurrada para o meu marido. Ele consegue pôr lá tudo e mais alguma coisa. Quando o pai não está é a minha filha que arruma a loiça da máquina. É uma miúda madura para a idade que tem. Tudo o que lhe peço vai fazendo. Às vezes contrariada, porque as idades também dão um pouco para isso… Não sou uma fada do lar. Sou pouco dada às tarefas domésticas, o que não significa que não as faça todas e que não saiba fazê-las. Fui criada dessa forma. Tinha que saber como tudo se fazia porque não se sabia o dia de amanhã e se poderia ou não ter quem fizesse. Neste momento não tenho ninguém que me ajude em casa a não ser o meu marido e a minha filha. Todas as coisas são divididas entre nós. Passo a ferro porque tenho que passar. As minhas férias são muito fragmentadas. Como não tenho componente lectiva posso tirar férias ao longo de todo o ano conforme vai sendo possível. Há anos em que não sei o que é tirar os dias a que tenho direito. A minha filha acaba por ser castigada porque não tem férias como têm as outras miúdas. Gosto muito do mar. Dá-me calma e paz interior. É um sítio que procuro quando estou muito cansada. Para mim praia é sol. Molho os pés e pernas. A água está sempre fria. Também gosto muito de praia e esplanada. Nem é preciso estar com o pé na areia. Agrada-me aquela vidinha do “vai à praia, almoça e dorme um bocadinho”. Mesmo que pelo meio tenha dois ou três telefonemas da escola. Pelo menos não ouço a campainha e saio do ambiente habitual. Faz-me bem. Tento fazer o meu melhor. Como profissional, como mãe e como mulher. Sei que tenho as minhas limitações e nem sempre consigo chegar àquilo que gostaria. Vivo um dia de cada vez. Ana Santiago
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