Apanhei um enjoo de República que tenho para mais um século. Reconstituições, homenagens, conferências, livros, músicas, séries manhosas e mal feitas, que passaram na televisão, personagens obscuros promovidos a heróis, como é da praxe, romagens a cemitérios. A certa altura até me convenci que Portugal tinha nascido a 5 de Outubro de 1910 à varanda da câmara de Lisboa, embrulhado numa bandeira verde e rubra. Felizmente a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira veio em meu socorro e homenageou quatro associações dos velhos tempos da Monarquia, lembrando-nos que houve vida antes do Contra os Canhões Marchar Marchar.Daqui saúdo os Bombeiros de Vila Franca de Xira que já apagavam fogos antes da República, a Banda do Ateneu, cujos músicos começaram a tocar muito antes do Keil do Amaral compor a Portuguesa, bem como o Clube Vilafranquense e a Associação de Socorros Mútuos que já socorria nos tempos do saudoso Rei D. Pedro V. E saúdo também o senhor presidente da Junta, que por sinal até é Fidalgo. Homem sensato e equilibrado ajudou-nos com a sua propensão homenageadora, a perceber que somos sempre os mesmos haja República ou Monarquia, mudando apenas as cores das bandeiras e as formas de chegar ao poder. Uns chegam lá porque são filhos e outros porque são filiados. Não tem nada que saber. Num caso e no outro o que é preciso é ter sorte. Com os pais ou com o partido.Tive em boa conta o que relatas desse Bispo de Santarém que foi benzer uma escola no dia do centenário da República. Acho que está tudo incluído no pacote de perdões e contra-perdões que anda por aí a pairar. O Papa pediu perdão às criancinhas abusadas por padres. É natural que a República peça perdão pelos abusos que cometeu sobre os padres. Um dia destes ainda temos que pedir perdão aos árabes pelas coças que o D. Afonso Henriques lhes deu, nomeadamente em Santarém. Quem não nos pede perdão é o Sócrates. Levou a medalha de ouro que o Moita Flores lhe deu e em vez de agradecer voltou em força para nos levar o resto. Abonos de família, IVA, IRS… Um ingrato é o que ele é. O que vale é que o presidente da câmara é um mestre das simultâneas. Joga em vários tabuleiros. Deu-lhe a medalha a ele mas também a deu ao Cavaco e vais ver se o Passos Coelho não leva uma também. E o Relvas!!! O Miguel Relvas também merece. Não é por se rir mais e falar mais que o Passos Coelho nos episódios da novela do Orçamento de Estado. É por outras coisas mais daqui. Mais nossas. Mais genuínas e menos orçamentais. Eu não me esqueço. Os cidadãos de Tomar também não. Foi ele e só ele que conseguiu fazer daquele jovem de Tomar, o Luís Ferreira do PS, vereador a tempo inteiro??!!! Uma pessoa que consegue tal feito não merece uma medalha??!! O Luís Ferreira, vê lá. Vereador!! Com pelouro da cultura, boletim cultural próprio e tudo. O Luís Ferreira, esse espécie de Sousa Lara do Lobo Antunes, que até cobardolas chamou ao escritor. Fazer de um Luís Ferreira responsável pela cultura de uma terra com pergaminhos como Tomar não é para qualquer um. Medalha para o Miguel Relvas já. Um bacalhau cultural Manuel Serra d’Aire