A vitória é difícil mas é nossa!
Trinta e cinco anos depois do 25 de Abril a censura aí está, mais ou menos encapotada, novamente a condicionar a liberdade de expressão consagrada na Constituição. E desta vez sinto-a na pele, como lâmina fria em pulso palpitante. Este ano não posso escrever sobre qualquer tema que me apeteça. Nem eu nem os meus colegas. Este ano, neste preciso momento, há um tema tabu, que se for abordado por algum de nós neste jornal implica o pagamento de balúrdios de multa. Foi um tribunal que assim o ditou. A nós resta-nos obedecer e acreditar que aquilo em que muitos acreditaram há mais de três décadas não está a ir por água abaixo. Como diria o povo, a coisa está preta. Hoje somos proibidos de escrever sobre determinado tema, que envolve determinada entidade que não gostou dos escritos. Amanhã somos proibidos de escrever sobre o quê e sobre quem? Não se abriu uma caixa de Pandora? Não será assim que começam as ditaduras? E a Constituição da República, que consagra a liberdade de expressão como direito primordial, serve afinal para quê?Hoje, mais que triste estou indignado. Era um puto quando aconteceu essa manhã redentora em que Salgueiro Maia ascendeu ao panteão dos heróis. Nessa altura, banidas as mordaças, gritava-se nas ruas: “A vitória é difícil mas é nossa!”. Assim espero que volte a acontecer. E prometo-vos, caros leitores, um dia essa história será contada. João CalhazChefe de Redacção de O MIRANTENOTA: Texto publicado na edição do 22º Aniversário de O MIRANTE, a 16 de Novembro de 2009, quando o Tribunal de Santarém nos proibiu de publicar notícias sobre a Victoria Seguros. Recorde-se que recentemente o Tribunal da Relação de Évora anulou esta decisão da primeira instância.
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