A Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, evocando as comemorações dos 100 anos da República em Portugal, distinguiu, na noite de 12 de Outubro, quatro associações centenárias de Vila Franca de Xira - Associação dos Socorros Mútuos Fraternal dos Artistas Vilafranquenses, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, Clube Vilafranquense e Ateneu Artístico Vilafranquense.Cada uma das colectividades levou para casa um diploma enaltecendo o seu longo historial de serviço em prol da comunidade. A mais antiga, Associação dos Socorros Mútuos Fraternal dos Artistas Vilafranquenses, foi fundada em 1853, somando já 157 anos de existência. A Associação dos Bombeiros Voluntários já leva 128 anos de vida e o Clube Vilafranquense 124 anos de existência. A mais jovem colectividade é o Ateneu Artístico Vilafranquense com 119 anos.Apesar dos actuais dirigentes agradecerem a distinção da Junta de Freguesia, lembraram que o afastamento da comunidade para com o associativismo está a aumentar e que, sem a participação da população, não “faz sentido” existirem colectividades.“A participação no associativismo, por parte da comunidade, atravessa muitas dificuldades, muitas vezes os responsáveis dessas mesmas associações também não fazem tudo o que está ao seu alcance para se aproximarem das pessoas, temos de fazer melhor”, defendeu António Matos, presidente do Clube Vilafranquense.Também José Carvalho, da Associação dos Socorros Mútuos Fraternal dos Artistas Vilafranquenses, lamentou que as pessoas estejam “desligadas” do associativismo. “Practicamente não aparece ninguém para colaborar e para ajudar”, lamentou. A provar o afastamento da comunidade estava o próprio auditório da Junta de Freguesia, onde decorreu a cerimónia, com uma fraca assistência.A sessão, integrada na Semana Europeia da Democracia Local, serviu também de palco para a conferência “O contributo da República para a criação de uma identidade local: A freguesia e o sentido de pertença”. O debate destacou o papel das freguesias na satisfação dos interesses comuns locais e das necessidades dos cidadãos. O novo conceito de “super-autarquias” e a forma como este se vai relacionar com as políticas de proximidade das freguesias foi outro dos pontos em análise.“Existem interesses locais que exigem uma intervenção mais próxima das freguesias. Até aqui somos olhados como “acrescentos” das câmaras municipais e muitas vezes não recebemos o devido financiamento, mas desempenhamos imenso o papel de relação de proximidade com o cidadão”, defendeu José Fidalgo, presidente da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira e coordenador da Delegação de Lisboa da Associação Nacional das Freguesias (ANAFRE). “Nós acreditamos que o papel das freguesias é o de facilitador e regulador do relacionamento entre as pessoas e os agentes de desenvolvimento local”, afirmou.Também Ernesto Ferrão, presidente da Junta de Freguesia de Santa Iria da Azóia, que foi assistir à sessão, partilhou da opinião. “É nas freguesias que se vive a melhor democracia. É aí que as pessoas vêem o eleito a caminhar na mesma rua que elas, podem interagir e dar sugestões”, disse.A noite serviu ainda para a apresentar o roteiro “Vila Franca Republicana (1884-1926)”, que vai reunir num único documento vários locais históricos a visitar na cidade (ver caixa).“Vila Franca Republicana” mostra locais emblemáticos da revoluçãoNa noite de 12 de Outubro foi apresentado no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira o roteiro “Vila Franca Republicana (1884-1926)”. Consistindo num percurso pedonal, o roteiro pretende proporcionar um revisitar da primeira República Portuguesa através das ruas e lugares de Vila Franca que foram importantes no movimento da revolução. O roteiro, da autoria da Junta de Freguesia, nasce no âmbito das celebrações do centenário da República, proclamada a 5 de Outubro de 1910. O roteiro atravessa ruas históricas de Vila Franca e será lançado ao público a 31 de Janeiro de 2011. Os dez locais a visitar serão o Campo 5 de Outubro (que foi o ponto de encontro na manhã do dia 5 de Outubro onde se proclamou o novo regime, na foto), Praça Afonso de Albuquerque (local da proclamação oficial), Rua Almirante Cândido dos Reis número 141 (onde se encontrava a redacção do jornal republicano “O Campino”), Rua Almirante Cândido dos Reis número 84 (local do antigo “Clube Artístico”, onde se realizavam reuniões do movimento republicano) e a funilaria de João Coelho, na rua Almirante Cândido dos Reis, onde após a extinção do centro republicano de Alhandra passou a ser o local de reunião secreta dos republicanos vilafranquenses. O roteiro continua com passagem na rua Serpa Pinto número 102 (sede da comissão paroquial republicana), Rua Serpa Pinto número 104 (onde se encontrava a sede do centro eleitoral republicano), Travessa da Justiça número 3 (onde foi realizado um importante comício republicano com a participação de Miguel Bombarda no antigo Gymnásio Vilafranquense), Rua Gomes Freire número 29 (onde em 1904 foi eleita uma junta republicana) e, por fim, a Loja Nova, que servia de quartel general dos republicanos desde o ultimato de 1891).