23º Aniversário | 17-11-2010 15:43

Mais de uma década na “sombra” para pôr um clube a funcionar

Não quer ser dirigente nem almeja o protagonismo. Fernando Pisca trata de toda a logística ligada às equipas, atletas, técnicos e dirigentes, que envolve cerca de 300 pessoas. É assim que se sente bem a trabalhar de forma voluntária para o Sport Lisboa e Cartaxo.

É numa sala na parte de trás dos antigos balneários do Campo das Pratas que Fernando Pisca, munido de um computador portátil, faz um trabalho imprescindível ao Sport Lisboa e Cartaxo. Trata de toda a logística administrativa ligada à inscrição de atletas, técnicos e dirigentes do clube junto da Associação de Futebol de Santarém. Não recebe qualquer vencimento, avença ou compensação. Limita-se a aparecer no campo das Pratas quase todos os dias da semana por volta da 18h30. No período de inscrições não costuma sair do campo antes das nove da noite. Lida com quase 300 pessoas.Fernando Pisca diz que é assim que se sente bem. Faz o que gosta e para o qual está habilitado. Militar na reserva, trabalhou durante um quarto de século ao serviço da área logística e financeira da Marinha de Guerra Portuguesa. A sua ligação ao futebol e ao Sport Lisboa e Cartaxo começou como pai de um jovem de sete anos que quis jogar futebol. Natural de Casais Lagartos e a morar em Vila Chã de Ourique, começou por ir ao clube da terra. “Como não tinham equipa daquele escalão vim para o Cartaxo”, explica.Fernando Pisca desenvolveu o seu trabalho com três direcções do SL Cartaxo ao longo de 11 anos. Começou por fazer de delegado aos jogos quando inscreveu o filho na equipa, sem antes ter tido qualquer experiência ligada ao futebol. Nos anos seguintes, com um papel mais interventivo, ajudou a preparar o material para os treinos e jogos, ligado às equipas de escolas, infantis e iniciados. No ano seguinte evoluiu para o tratamento informático dos dados e documentos do clube. Aceitou o convite do então presidente, Avelar Marques, para liderar a coordenação técnica das equipas de iniciados, juvenis e juniores. “Foi uma experiência enriquecedora pelo que aprendi, mas que não vou repetir. Sempre estive ligado ao futebol na retaguarda e é assim que prefiro estar”, garante. Nos dois últimos anos, Fernando Pisca foi convidado pela direcção presidida por Frederico Guedes para cuidar de toda a área logística e de equipamentos. Dos assuntos de papel e caneta tratados em cima da hora passou-se para a digitalização de todos os documentos relativos aos protagonistas das equipas. Um computador reúne todos os dados que estão prontos a serem enviados ou entregues na associação de futebol. Sejam impressos, fotografias, pagamentos ou a realização dos seguros dos atletas. O colaborador tem ainda luz verde para adquirir equipamentos, bolas e outros acessórios sempre que for necessário. Elabora também os boletins informativos com os resultados das equipas todas as semanas e a agenda de jogos da semana seguinte.Com tanto trabalho, é caso para perguntar se Fernando Pisca tem tempo para ver os jogos das equipas do Cartaxo. Ao fim de semana aproveita para ir ver algum jogo, mas sempre atrás de uma das balizas, junto à sua sala de trabalho. “Nunca vi futebol na bancada central coberta. Sempre neste lugar onde, de vez em quando, vou espreitar jogos ou treinos. Não por ser pessoa isolada, dou-me bem e falo à vontade com todos. Gosto apenas de estar a trabalhar”, esclarece Fernando Pisca.Para este sócio efectivo do Sporting e com lugar cativo (que tem ido poucas vezes a Alvalade), a ligação ao Sport Lisboa e Cartaxo, filial do Benfica, fê-lo ganhar raízes, criar amizades e até ganhar especial carinho por miúdos que viu crescer com o filho e que têm hoje 18 anos. “Ir ao Campo das Pratas é mais um escape e poder encontrar este e aquele”, acrescenta.Fernando Pisca admite sentir-se tão voluntário como a pessoa que prescinde de horas do seu tempo pessoal para ajudar quem mais precisa. “Não tenho dúvidas e sinto-me bem no papel de voluntário, sem receber remuneração. Vendo-me neste papel, percebo perfeitamente quem o faz no apoio aos mais necessitados”, compara.Com mulher e três filhos de dez, 18 e 24 anos, Fernando Pisca diz que a família sempre o apoiou na missão junto do clube cartaxeiro. Tem para si que, como chefe de família, nunca a prejudicaria em função do futebol. Mas confessa: “a esposa ainda diz que para ela é que não tenho tempo, mas sei que é na brincadeira”, graceja.

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