Um autarca que não se coibe de elogiar a sua própria obra e que lidera sem oposição

Eleito em Dezembro de 1997 presidente da câmara da Golegã, o médico José Veiga Maltez, foi crescendo eleitoralmente e de forma imparável nas eleições seguintes. Em 2001 ufanava-se de ter sido reeleito “com a maior maioria autárquica de Portugal Continental”. Em 2009 fez o pleno e a sua lista ganhou os lugares todos do executivo. Uma câmara de uma só cor, a do PS. Cumpre o seu último mandato por imposição da lei. Natural de Lisboa, José Veiga Maltez considera-se um goleganense de gema. A sua família é dali e é uma das famílias tradicionais com nome antigo e respeitado. Quando era jovem o autarca vivia a semana na capital ansiando pelo fim-de-semana na Golegã. Quando terminou o curso de medicina, concorreu para o Centro de Saúde de Torres Novas e regressou às origens. Todos os anos, em Novembro, na Feira de S. Martinho, enverga um traje típico de lavrador. Numa época de globalização considera a preservação dos valores locais como a única forma de afirmação das comunidades. “Comecei a usar o traje de lavrador quando tinha 3 ou 4 anos. Continuo a usá-lo porque me dá grande prazer”, explica. Recebe as visitas mais importantes com aquela roupa e é ele que faz questão de conduzir a charrete em que as transporta. Com a sua chegada ao poder a Golegã ganhou a designação de “Capital do Cavalo”e as gentes readquiriram o gosto pela terra e pelas coisas da terra. O seu sucesso como político está ligado à tarefa a que meteu ombros de recuperar a auto-estima dos goleganenses, através do incremento do bairrismo. José Veiga Maltez é o primeiro propagandista das suas próprias obras. Ao complexo Equuspolis, inaugurado em Maio de 2003 chamou-lhe, “a Gulbenkian da Golegã”. E baptizou o Centro de Estágio com o selecto nome de Golegã Sporthotel.Foi o próprio autarca que concebeu e desenhou o arco de entrada na vila e não se coíbe de interferir ou dirigir outros trabalhos do género. Tem um grande ego e gosta que lhe obedeçam com prontidão. Não se coíbe de se auto-elogiar. No segundo mandato entrou em conflito com um dos seu primeiros vereadores, Victor Guia e este fez-lhe frente com notável sucesso. Saiu do executivo e regressou à Junta de Freguesia de Azinhaga onde tinha sido presidente eleito pelo PS, tendo ganho todas as eleições desde então com uma lista independente, sendo um permanente espinho cravado no orgulho eleitoral de Veiga Maltez. Para quem gosta de brilhar como o presidente da Câmara da Golegã, deve ter sido difícil de engolir o protagonismo conseguido pelo seu antigo vereador e presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, como anfitrião do Nobel da literatura José Saramago e sua Esposa Pilar del Rio. Foi pela mão de Vítor Guia que o escritor voltou à terra Natal para inaugurar um pólo da sua fundação e uma estátua sua.Um outro revés de pouca relevância mas que desagradou sobremaneira ao autarca foi o facto de a GNR não fazer o patrulhamento da Capital do Cavalo, a cavalo. A segurança da população não é assegurada apenas pela Guarda. O presidente da Câmara da Golegã criou um policiamento municipal para prevenir actos de vandalismo e até mandou pintar a viatura que é utilizada naquele serviço como um verdadeiro carro da polícia.

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