Uma autarca autoritária que não suporta espartilhos partidários

É normal dizer-se que Salvaterra de Magos é o único concelho do país gerido pelo Bloco de Esquerda (BE). A referência justifica-se pelo facto de a presidente ter sido eleita encabeçando uma lista daquele partido. Na prática a gestão é de Ana Cristina Ribeiro, uma mulher que, em termos políticos nunca gostou de espartilhos. Antiga escriturária da União dos Sindicatos de Santarém, militante do PCP por um curto período de tempo nos anos 70, a autarca conquistou a câmara ao PS em 1997 numa lista da CDU. Por não ter suficiente espaço de manobra para executar as suas funções incompatibilizou-se com aquela força política e aceitou ser a cabeça de lista do BE no mandato seguinte. Voltou a ganhar. E continuou a ganhar nas eleições seguintes. O facto de se ter mantido como candidata do BE só foi possível porque aquele partido lhe deu espaço. Como Ana Cristina Ribeiro não se pode recandidatar nas próximas autárquicas vai ser curioso perceber qual é actualmente a real valia dos partidos pelos quais ela se candidatou e ganhou.O seu interesse pela política nasceu a seguir ao 25 de Abril. No período pós-revolução dos cravos, a jovem de Muge ligou-se aos movimentos que lutavam pelos direitos dos trabalhadores agrícolas e foi uma das fundadoras do Sindicato dos Operários Agrícolas, afecto à CGTP-Intersindical.Define-se como uma pessoa muito sensível e emocional e é vista como autoritária e pouco dialogante tanto por adversários políticos como por alguns elementos do próprio Bloco de Esquerda. Opinião diferente têm os eleitores que a tratam por simpatia e lhe dão vitórias atrás de vitórias. Há pessoas que a conhecem desde a infância que, indiferentes ao cargo, continuam a tratá-la por Anita. Na altura da sua primeira vitória eleitoral participava na vida associativa da sua terra como presidente da Filarmónica.Disse também na mesma altura, que nunca se tinha sentido discriminada por ser mulher, embora sentisse que havia quem a tentasse diminuir politicamente por esse motivo. “Nunca me senti discriminada mas isso não significa que os nossos adversários políticos não dêem a entender que há alguma incapacidade pelo facto de ser mulher”. Não tem muita visibilidade para além das fronteiras do pequeno concelho que gere. Nas campanhas eleitorais funciona para a comunicação social de Lisboa como um elemento exótico por ser a única presidente do BE e, até às últimas eleições, das poucas mulheres presidentes de câmara numa região como o Ribatejo, associada ao machismo e marialvismo.Mantém uma relação conflituosa com a comunicação regional em geral e nomeadamente com O MIRANTE, hostilizando abertamente os jornalistas que lhe colocam perguntas incómodas. Não fica associada a qualquer obra de vulto. A maior parte do trabalho feito durante a sua gestão foi ao nível de infraestruturas e equipamentos indispensáveis para as populações de que o concelho carecia bastante.

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